Tem mais um artigo do diretor-geral da GS&MD Gouvêa de Souza, Marcos Gouvêa de Souza, no portal da Revista Exame.com. Aqui, ele faz uma análise sobre tendências para o setor de franchising brasileiro:
O setor de Franchising foi um dos que mais se beneficiou do forte crescimento econômico durante a chamada Década do Consumo a partir de 2004, quando o faturamento foi de R$ 31,4 bilhões e no passado alcançou R$ 128,9 bilhões. O Brasil se transformou no terceiro maior mercado mundial de Franchising, superado apenas por Estados Unidos e China, com 2.942 redes, perto de 126 mil unidades franqueadas e emprega cerca de 1,1 milhão de pessoas.
Tudo indica que o Franchising continuará a crescer nos próximos anos, porém em ritmo menor e alguns movimentos estratégicos são perceptíveis na transformação que o setor irá viver.
1. Mais gestão e menor expansão
Depois do período de grande crescimento em número de unidades físicas, a maior ênfase para franqueadores e franqueados nos próximos anos será melhorar o desempenho e eficiência das unidades existentes, direcionando a expansão para áreas ainda com potencial mas, principalmente, concentrando atenção, recursos, tecnologia e desenvolvimento de melhores práticas na busca da excelência e na melhoria do desempenho das unidades e operações existentes;
2. Segmentação e Diversificação
Para os grupos empresariais que desenvolveram modelos de franquias que podem ser considerados maduros, o momento futuro envolve a continuidade da expansão seletiva de unidades físicas e ao mesmo tempo a criação de novos formatos, conceitos e marcas que permitam diversificação e segmentação de negócios, criando oportunidades para reter o capital financeiro e operacional dos mesmos franqueados de suas outras marcas e potencializando esse ativo que representa o domínio de toda a cadeia de gestão de franquias;
3. Formação de Grupos Econômicos em Franquias
O modelo existente no mercado internacional que envolve a formação de grupos econômicos baseados na capacidade de administrar um conjunto de marcas franqueadoras começa a ocorrer no Brasil (Boticário, Trigo, BFFC- Bobs, etc) e tenderá a ampliar sua presença no mercado, baseado exclusivamente em recursos próprios mas também em combinação com grupos financeiros locais ou internacionais;
4. Consolidação
O processo que envolve o domínio de toda a cadeia de gestão de franquias e a competência na geração de resultados irá induzir um processo de consolidação do mercado de franquias com algumas marcas sendo incorporadas por grupos especializados, com participação ou não de grupos financeiros;
5. Internacionalização
As maiores e mais consolidadas franquias brasileiras tenderão a buscar alternativas para o menor crescimento do mercado local através da expansão internacional de suas marcas e conceitos, com preferência pelos mercados latino-americanos e norte-americano, mas também considerando oportunidades nos emergentes mercados europeus, árabe-unidos e asiáticos, como já fazem hoje alguns dos líderes do setor no Brasil, como Boticário, BFFC-Bob’s, Giraffas e outros;
6. Incorporação de mais ferramentas tecnológicas
No processo de amadurecimento do setor de franquias, depois da ênfase na expansão física, haverá relevante demanda e incorporação de ferramentas tecnológicas de gestão, como forma de apoiar o foco na melhoria do desempenho dos negócios atuais;
7. Ênfase no desempenho das pessoas
Passada a euforia na expansão de unidades, o próximo ciclo será marcado pela concentração de atenção na melhoria do desempenho das pessoas, franqueados e seus funcionários, bem como os da própria franqueadora;
8. Muito mais atividade digital
Haverá crescente importância na incorporação da cultura digital nos negócios de franquias, seja na própria gestão, na comunicação, nos treinamentos, nos programas de relacionamento, na propaganda e na promoção. O setor tem dedicado menor atenção aos elementos da cultura digital, preocupado que esteve com a expansão física, e agora, irá direcionar mais atenção nas oportunidades que se abrem para a incorporação da nova realidade digital aos seus negócios;
9. Mais serviços e menos produtos
Acompanhando o movimento geral de negócios e de amadurecimento de mercado, haverá maior ênfase no desenvolvimento de franquias ligadas a serviços pessoais, domésticos e empresariais em relação às franquias direcionadas para revenda de produtos;
10. Maior presença de fornecedores de marcas e serviços
Haverá continuidade no aumento do uso da franquia como modelo de negócio para expansão de atividades e criação de canal próprio e exclusivo por fornecedores de produtos, marcas e serviços como forma de redução de sua dependência dos canais tradicionais. É importante ressaltar que o Brasil se destaca no cenário internacional pela expressiva participação de fornecedores com canais próprios e exclusivos de negócios com os consumidores finais e no cenário atual e futuro, muito mais competitivo, isso tenderá a se ampliar;
11. O mercado continua atraente
Apesar do ciclo recessivo que o país vive, o Brasil ainda é um dos mercados mais atraentes no mundo, especialmente para as marcas internacionais dos mais diversos setores, por conta da adesão que o sistema de franquias conseguiu, sua organização, estruturação e legislação, que criam ambiente favorável à sua expansão, em especial porque no sistema existe um menor risco para as marcas que contam com o envolvimento, recursos e comprometimento de empresários locais;
12. Maturidade Empresarial
Um novo ciclo de amadurecimento e consolidação será marcante nos próximos anos do Franchising no Brasil balizado pela ampliação do número de grupos empresariais ligados ao negócio, maiores investimentos do setor financeiro nas redes franqueadoras e aumento ainda maior da participação de marcas internacionais no país integrando melhores práticas de gestão, eficiência e controle.
(Exame)