Pouco conhecido fora de Santa Catarina, o Grupo Koch – maior rede de supermercados do Estado em receita e 13.ª do País – tem 57 lojas em cidades catarinenses e a intenção de abrir em média outras dez por ano. Um salto e tanto para uma empresa que começou literalmente na roça e que no ano passado faturou R$ 6,4 bilhões.
A história da empresa começou nos anos 80. “Plantávamos verduras, mas não tínhamos muito para quem vender. E, quando aparecia comprador, pagava pouco”, lembra José Koch, de 58 anos, presidente da empresa e filho do meio de cinco irmãos. De origem alemã, a família Koch morava em Antônio Carlos, município da Grande Florianópolis.
O irmão mais velho convenceu o pai a vender uma junta bois para comprar a Kombi do vizinho, que estava à venda. Com isso, os irmãos passaram a vender em feiras de cidades vizinhas as hortaliças que muitas vezes apodreciam no campo.
“A primeira vez que comecei a ver dinheiro foi na feira. Eram pacotes de notas e isso me impressionava”, lembra. Essa foi a motivação da família para fazer cada vez mais feiras. As verduras eram colhidas na tarde do dia anterior. Às 2h da madrugada, eles saíam, passavam pelo entreposto de verduras (Ceasa) para complementar a carga e às 6h a barraca estava montada.
Depois de 14 anos, abriram uma quitanda. Venderam um carro e, com outras economias, compraram um terreno para a construção de uma loja com 600 metros quadrados em Tijucas (SC).
Ao concluir a obra, constataram que o salão era muito grande para vender só hortaliças. A solução para aproveitar o espaço foi vender também outros produtos. Assim nasceu o primeiro minimercado e o plano de seguir no ramo de supermercados.
A primeira unidade nesse molde veio em novembro de 1994, no início do Plano Real. No começo havia muita dificuldade, não só pelo desconhecimento sobre como operar um supermercado, mas também pela falta de crédito para capital de giro. “Quem vinha de uma banca de hortifrúti não tinha noção do que era vendido no supermercado”, diz.
Para encher a loja, era preciso muito mais dinheiro do que na barraca. Como não eram conhecidos nos bancos, os irmãos não tinham crédito. Resultado: foram obrigados a comprar à vista. A solução para conseguir começar a operar um supermercado foi a contratação de um gerente com experiência no setor.
Superada a barreira inicial, a segunda loja, bem maior, veio só cinco anos depois, na mesma cidade. E a rede seguiu com inaugurações com a bandeira SuperKoch, ano após ano.
Grande salto
O grande salto ocorreu há seis anos, quando o grupo estreou no atacarejo – formato que mistura atacado com varejo -, com a bandeira Komprão Atacadista. Na época, a empresa tinha 11 lojas de supermercado.
Hoje são 57 unidades, localizadas em 27 cidades, principalmente no litoral catarinense, das quais 20 supermercados e 37 atacarejos, que empregam mais de 8 mil funcionários. “Crescemos bem mais rápido porque o modelo de atacarejo deu muito certo. A pandemia favoreceu especialmente o atacado”, afirma Koch. O plano que vem sendo cumprido pelo grupo é abrir dez lojas por ano, que somam investimentos de cerca de R$ 350 milhões. Dos tempos da feira, ele diz que ficou um legado. “A feira nos ensinou a sermos admirados pela qualidade dos hortifrútis.”
O consultor de varejo e sócio da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, Eugênio Foganholo, concorda com Koch. Segundo ele, algumas seções, principalmente de perecíveis, e em particular de frutas, legumes e verduras, conhecidos como FLV, são muito importantes para gerar percepção de qualidade e atrair o consumidor. “O FLV é a porta de entrada e uma forma de manter o cliente no supermercado.”
Hoje, os cinco irmãos são sócios, com partes iguais no negócio. “Estávamos juntos quando éramos feirantes, quando ninguém tinha nada, e não tem motivo não estarmos juntos agora.”
Com informações de Estadão Conteúdo
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