A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) encaminhou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um ofício em que manifesta preocupação com o crescimento descontrolado das apostas online no Brasil.
Segundo a entidade, desde a promulgação da Lei nº 13.756, em 2018, o mercado de jogos de azar tem mostrado um crescimento acentuado, com impacto severo sobre a renda das famílias brasileiras e o comércio varejista.
“Entre 2023 e 2024, os brasileiros gastaram aproximadamente R$ 68 bilhões em apostas, valor que representa 22% da renda disponível das famílias no período. Esse fenômeno tem afetado diretamente o orçamento familiar, com muitos consumidores redirecionando seus recursos, que antes eram destinados à aquisição de bens essenciais e serviços, para jogos de azar”, informou, por meio de nota.
O documento também foi entregue aos ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, da Fazenda e da Justiça, além dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados.
Nele, a CNC alerta que o crescimento desregulado desse mercado compromete não apenas a economia familiar, mas também o varejo nacional. A entidade revisou para baixo sua projeção de crescimento do setor varejista em 2024, de 2,2% para 2,1%, reflexo direto do desvio de consumo das famílias para as apostas.
A entidade alega que o comércio pode perder até R$ 117 bilhões por ano em faturamento devido ao crescimento dessas atividades. “Precisamos de uma solução que proteja o bem-estar da população e o equilíbrio dos negócios”, defende o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
Encontro com o Alckmin
Após apresentarem, durante o Latam Retail Show, um manifesto alertando sobre o crescimento das apostas eletrônicas e suas consequências sociais, econômicas e de saúde pública, 16 entidades de comércio, indústria, consumo e varejo se reuniram na tarde desta segunda-feira, 23, com o presidente em exercício Geraldo Alckmin, na sede do BNDES, em São Paulo.
Entre as entidades presentes estavam ABMalls, Abiesv, Abevd, Abióptica, Abit, ABF, Abmapro, Abrasel, Abvtex, Afrac, ANR, Cacb, CNDL, IDV e IFB.
Durante o encontro, Alckmin destacou a necessidade de uma ação orquestrada para enfrentar os problemas associados às bets, especialmente os impactos na saúde pública, e informou que se reunirá com os ministros da Justiça, Fazenda, Saúde e Comunicações. Esse foi o segundo encontro com Alckmin para tratar o assunto. O primeiro ocorreu no último dia 19, em Brasília.
Imagem: Shutterstock