Com o estímulo acelerado que as vendas online receberam durante a pandemia do coronavírus no mundo, a logística ganhou ainda mais importância dentro do conceito de Q-commerce (Quick Commerce), que certamente é a nova fronteira para as empresas que atuam no comércio eletrônico. A premissa do “comércio rápido” é basicamente a evolução do e-commerce, com a velocidade de entrega sendo o principal diferencial na ótica do cliente. Esse fenômeno já pode ser visto, inclusive no Brasil, com a famosa “guerra de fretes”, principalmente entre os gigantes players do mercado.
Tempo de entrega mensurado em minutos
De fato, o Q-commerce combina as vantagens do comércio eletrônico tradicional com as inovações na entrega da última milha e vai acelerar ainda mais o uso de tecnologia na forma de comprar e vender online, tanto para clientes quanto para varejistas.
Os clientes vão esperar cada vez mais conveniência e que os itens sejam entregues em um menor tempo possível, enquanto os varejistas descobrirão que oferecer entregas rápidas se tornará mais uma necessidade de sobrevivência no mercado do que apenas um benefício. A entrega, porém, não é mais medida em dias, mas mensurada em minutos – até 30 minutos ou menos para se tornar competitivo.
Menos itens, mais pedidos
Há uma crescente demanda de entrega de produtos em quantidades menores, ou seja, os clientes comprarão menos itens, mas com uma maior frequência de compra, como um ingrediente urgente que falta para finalizar uma receita, a reposição de uma bebida em um evento ou um medicamento importante.
Novos modelos operacionais
Nem todas as empresas que adotam o Q-commerce usam o mesmo modelo operacional, mas é comum entre elas os microhubs ou dark stores espalhadas pelas cidades, com um raio de atuação limitado de até 3 quilômetros, com estoque de produtos com caráter emergencial (alimentos e bebidas, limpeza, higiene pessoal, tabacaria, entre outros). Isso significa que os pedidos podem ser atendidos cerca de 25% mais rápido do que o atendimento tradicional na loja.
Logística flexível
A utilização de logística de terceiros também é bem comum no Q-commerce, dentro do modelo de crowdsourcing, que utiliza recursos conectados a uma comunidade online. Esta logística de massa é uma alternativa aos modelos convencionais, através do uso de bicicletas ou motos para transporte, por exemplo. O formato viabiliza entregas rápidas, de forma econômica e sustentável, além de fornecer a agilidade e flexibilidade necessárias para responder de forma adequada à demanda dos clientes, sete dias por semana e vinte e quatro horas por dia.
Expectativas dos clientes
No centro do fenômeno Q-Commerce estão as expectativas de atendimento ao cliente. As pessoas desejam que seus pedidos específicos sejam entregues rapidamente e com baixo custo, mas sem prejudicar a qualidade. Elas desejam ter uma experiência de marca semelhante ao que conhecem em outros formatos de entrega e lojas.
Afinal, qual é o futuro do Q-Commerce?
A conveniência é a moeda da década. A tecnologia moldou as expectativas do consumidor de forma irreversível, tanto que abrigamos uma expectativa de gratificação instantânea. Essa gratificação vem na forma de digitar uma pergunta no Google e ter a resposta piscando diante de você em segundos, ou de fazer um pedido de supermercado por meio de um aplicativo e recebê-lo em até 30 minutos depois.
Qualquer coisa sob demanda
É fato que muitas empresas de Q-Commerce se especializam em entrega de alimentos, mas provavelmente irão se expandir em um futuro bem próximo além do cotidiano para “entregar qualquer coisa”.
Adoção tecnológica vai determinar quem ganha
É da tecnologia que nasceu o Q-Commerce, e é com ela que ele vai prosperar. Existem muitas empresas semelhantes operando atualmente no espaço, competindo entre si para ganhar participação de mercado. Os vencedores nos próximos meses e anos “serão aquele mais avançados tecnologicamente com eficiência operacional”.
Fernanda Dalben é diretora de marketing da rede de Supermercados Dalben.
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