A Americanas entrou com pedido de extensão da recuperação judicial na tarde desta quarta-feira, 25, nos Estados Unidos, utilizando o chamado “Chapter 15” – essa regra permite que companhias estrangeiras tenham seus processos de recuperação judicial reconhecidos nos EUA, protegendo seus ativos que estejam no país, conforme antecipou o Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
A Americanas tem US$ 1 bilhão em títulos de dívida emitidos lá fora, vindos de duas captações feitas no segundo semestre de 2020. Na semana passada, seus credores se reuniram para criar um grupo já prevendo a entrada da varejista na Justiça dos Estados Unidos.
O pedido foi feito na Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York, em Manhattan, com o nome “Americanas S.A. and Americanas S.A., 23-10092”.
Pressão dos bancos
Os bancos aumentaram a pressão sobre a Americanas depois que uma carta divulgada pelos acionistas de referência da varejista – o trio Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles – foi interpretada como uma tentativa de responsabilizar os próprios credores pelos problemas contábeis da empresa.
No domingo, 22, Lemann, Sicupira e Telles emitiram uma nota pública em que se posicionaram pela primeira vez desde o começo da crise. Um trecho em particular incomodou os bancos: o que sugere que as instituições não teriam se atentando ao rombo contábil, ou seja, teriam parte da culpa. “Ela (a auditoria PwC), por sua vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a empresa. Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade”, afirmou o trio.
A resposta dos bancos veio nesta terça, 24. Em nota, o Itaú Unibanco disse que as chamadas cartas de circularização, que são encaminhadas pelos auditores que aprovavam as demonstrações financeiras da companhia, são apenas um instrumento de apoio às auditorias na verificação de informações contábeis fornecidas pelas companhias. Além disso, disse que é “leviana” a tentativa de atribuir aos bancos responsabilidades sobre práticas irregulares de empresas.
Também em nota, o Bradesco repetiu o argumento. “Não compactuamos com alegações que buscam criar narrativas para atribuir aos bancos qualquer responsabilidade sobre as práticas contábeis irregulares da empresa e, assim, desviar a atenção do problema central, ou seja, a falta de consistência dos números das demonstrações financeiras e as responsabilidades dos seus dirigentes sobre tal fato”, afirmou.
A instituição disse ainda que a governança contábil das empresas é de responsabilidade exclusiva de seus administradores, o que inclui o conselho de administração. “O Bradesco cumpre rigorosamente as diretrizes normativas e atua de acordo com as melhores práticas de mercado.”
Com informações de Estadão Conteúdo (Altamiro Silva Junior e Matheus Piovesana).
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