O papel estratégico do elo da distribuição na cadeia do foodservice

O papel estratégico do elo da distribuição na cadeia do foodservice

A empresa Driva Tecnologia, parceira do Instituto Foodservice Brasil (IFB), do qual somos associados, já mapeou mais de 1 milhão de estabelecimentos ativos no Brasil, que representam cerca de 70 tipologias de negócios.

É um processo altamente dinâmico e que nos permite olhar de maneira mais aprofundada e segmentada por Estado, cidade ou logradouro a concentração desses operadores. Esse é um importante avanço no setor, especialmente porque temos no Brasil 23% das operações concentradas em redes e 77%, em operadores independentes, segundo dados da Mosaiclab.

O Brasil é um país continental: são mais de 8 milhões de km² de território. E as questões relacionadas ao abastecimento e entendimento das necessidades desses negócios envolve desafios históricos, tanto para as indústrias, mas, principalmente, para distribuidores e atacadistas.

Sabe quando um varejista diz “nossa empresa atende a todos os CEPs do Brasil”? Somente os distribuidores e atacadistas podem falar isso em relação ao atendimento aos operadores de foodservice, pois nenhuma empresa tem essa capacidade.

Segundo o relatório da Abad/NielsenIQ 2022, de maior de 2022, o setor atacadista e distribuidor brasileiro cresceu 7,1% e faturou R$ 308,4 billhões em termos nominais em 2021. Foram mais de 600 entrevostados, o que sinaliza o volume de empresas envolvidas nesse elo da cadeia.

Cabe destacar que esses players também atendem minimercados, mercados regionais e novos canais que surgiram na pandemia, como mercados autônomos em condomínio. Ou seja, não reflete exclusivamente o foodservice e inclui também a presença do consumidor final que migrou do super e hiper para se abastecer.

O fato é que para vencer os desafios ligados ao tamanho, geografia, deficiente malha viária e ferroviária e barreiras fiscais do País, tanto indústrias, quanto operadores contam exclusivamente com os distribuidores, brokers e atacadistas.

Internacionalmente existe grande clareza sobre o papel de cada um dos elos do setor de alimentação fora do lar. No Brasil, o elo da distribuição briga por esse reconhecimento. E para tal oferece serviços como capacitação para os clientes, atendimento multi channel (telefone, online ou presencial), prazos cada vez mais curtos para entregas, presença em marketplaces para garantir proximidade aos clientes, contratos negociados a médio prazo e, claro, está lado a lado para acompanhar o crescimento e movimento dos clientes e do mercado.

Nossa leitura sobre as iniciativas de indústrias no lançamento de plataformas está mais ligada ao desejo de captação de dados dos clientes para que possam evoluir em suas estratégias de P&D do que efetivamente atuarem na distribuição, especialmente pela complexidade destacada nesse artigo.

Fato é que os distribuidores de alimentos no Brasil estão cada vez mais digitalizados, eficientes e maduros. As relações com as indústrias podem, precisam e devem evoluir, mas o chamado final aqui é para os operadores. Que gastam muita energia em cotações de centavos e não gerenciam a jornada desse ingrediente em sua operação: pré-preparo, preparo, performance do ingrediente e principalmente desperdício.

Vale repensar!

Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice.
Imagem: Shutterstock

 

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