Nos últimos meses, a economia brasileira seguia em ritmo de recuperação, ainda que no primeiro trimestre alguns indicadores tenham apresentado movimentos contraditórios. A paralisação dos caminhoneiros e a consequente crise de desabastecimento trouxeram dúvidas para consumidores, empresários e investidores em relação à manutenção desse cenário positivo, e, no caso do varejo na cidade de São Paulo, teve reflexos sobre o nível de mercadorias estocadas nas lojas, percepção captada pelo Índice de Estoques (IE), que caiu 5,9% ao passar de 113,8 pontos em maio para 107,1 pontos em junho. Na comparação com o mesmo período de 2017, houve queda de 1,3%.
O indicador é calculado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) desde junho de 2011, com dados de cerca de 600 empresários do comércio no município de São Paulo. Varia de zero (inadequação total) a 200 pontos (adequação total). A marca dos cem pontos é o limite entre inadequação e adequação.
Em junho, 53,3% dos empresários consideraram seus estoques adequados, queda de 3,4 pontos porcentuais (p.p.) em relação a maio; e de 0,9 p.p. no comparativo com junho de 2017.
A proporção de empresários que declarou ter excesso de mercadorias nas lojas registrou alta de 2,4 p.p., ao passar de 30% em maio para 32,4% em junho. Outros 13,8% consideraram seus estoques abaixo do adequado, elevação de 0,8 p.p. na mesma base comparativa.
Para a assessoria econômica da FecomercioSP, o desabastecimento decorrente da paralisação dos caminhoneiros teve dois efeitos diversos sobre o nível de estoques do comércio varejista: a falta de produtos em alguns setores mais vulneráveis aos choques de oferta ou demanda de curto prazo (bens não duráveis como alimentos, bebidas ou combustíveis) e, por outro lado, deixou o consumidor muito reticente em relação à aquisição de bens duráveis – como automóveis e eletrodomésticos –, elevando os estoques.
Ainda de acordo com a entidade, esse resultado exige um exame mais profundo sobre a economia do Brasil e os potenciais riscos pelos quais o país irá passar até as eleições em outubro de 2018.
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