As verdades humanas são baseadas em verdades universais motivadoras. São ideologias, códigos culturais e proposições que impulsionam a vida das pessoas. Essas verdades se traduzem em motivações e necessidades tangíveis das pessoas.
Muitos dos comportamentos são baseados em quais necessidades humanas estão, ou não, sendo atendidas. Se as pessoas não tiverem sucesso ao endereçar estas necessidades, isso pode afetar negativamente a sensação geral de bem-estar.
Saber qual das necessidades humanas norteia a capacidade dos indivíduos de se conectarem com os outros e desenvolverem relacionamentos saudáveis com o ambiente em que vivem é crucial para a compreensão do cenário em que vivemos. Ao entender essas necessidades, as pessoas podem estabelecer metas e trilhar comportamentos positivos para alcançar seus objetivos.
A pandemia proporcionou a reavaliação das verdades humanas, dando a elas novas conotações e significados. Neste processo destacam-se a incerteza provocada por medos e angústias causadas pela doença, a ressignificação das relações entre pessoas e corporações, o incremento do senso coletivo, por meio da colaboração, empatia e busca pela inclusão, a busca por liberdade e bem-estar e a conectividade virtual, que teve um grande impulso no período, antecipando em alguns anos a transformação digital.
Tudo isso fez com que pouco mais de um ano após o início da pandemia estejamos testemunhando uma mudança de comportamento em uma escala e velocidade que nunca vimos antes. Novas formas de trabalho, novas maneiras de comprar, novas regras e protocolos que nos foram impostos transformam as relações entre pessoas e o seu ambiente. Adaptar-se a essa nova realidade é um desafio muito grande tanto para a coletividade quanto para as corporações e entidades que se relacionam com as pessoas.
As marcas, por outro lado, buscam criar conexões com essas necessidades e motivações por meio de seus atributos racionais e emocionais, seus diferenciais competitivos e até mesmo a forma como atuam, ocupando um espaço junto a essas necessidades.
Mapa da relação entre os valores e necessidades humanas e as verdades das marcas – Mosaiclab
O caminho para a criação dessas conexões foi muito diferente entre os diversos setores, com adaptações muito bem-sucedidas em alguns casos e não tão boas em outros. Os pontos de contato mudaram, a forma de se comunicar e se relacionar com as marcas mudou.
Após o período inicial de observação e entendimento da dinâmica do vírus e de suas consequências na vida das pessoas, as marcas buscaram entender como estas novas relações ocorrem e como elas devem agir para atuar de maneira assertiva para endereçar essas novas necessidades humanas.
O momento pede um olhar mais próximo dos consumidores para entender suas novas jornadas de compras e experiências, os novos motivadores de consumo e os novos pontos de contato. As estratégias devem levar em conta quais verdades devem apresentar para que tenham sucesso neste novo momento. Não basta ter apenas um posicionamento claro, um propósito e um diferencial competitivo. É preciso atuar de forma correta, que ajude a preencher as novas necessidades humanas, seja rompendo as incertezas, atuando de forma inclusiva, mostrando empatia e se conectando nos novos pontos de contato.
A amplificação das vacinas e um retorno gradual à normalidade podem nos fazer pensar que este movimento não é mais necessário, mas as mudanças de comportamento tão impactantes como as que estamos observando tendem a permanecer por um bom tempo conosco.
Ricardo Contrera é sócio-diretor da Mosaiclab.
Imagem: Arte/Mercado&Consumo