Fica cada dia mais claro: os shopping centers estão mesmo passando por profundas transformações. Essa mudança, que tem sido imposta pelos consumidores, vai desde o conceito do que seja um shopping e chega até o produto, incluindo aí ambiente e, principalmente, as operações comerciais.
Nos Estados Unidos, onde este processo está mais adiantado do que aqui no Brasil, o mix de lojas já começa a mudar um bocado, com a substituição de marcas que vendiam muito no passado e hoje patinam, por outras de segmentos mais promissores.
Quer exemplos? Vamos aos números, então.
Levantamento divulgado recentemente pela CBRE mostrou que lojas de departamento, como Macy’s, JCPenney, Sears e companhia, ocupam hoje cerca de 49% da ABL (Área Bruta Locável) nos shoppings americanos. Já o segmento de vestuário, calçados e acessórios, por sua vez, responde por pouco mais de 29% do espaço de lojas nos Estados Unidos. No entanto, esses setores, que juntos somam 78% da área comercial, estão entre os que apresentam pior desempenho de venda nos últimos tempos. Entre 2011 e 2016, as vendas médias das lojas de departamento caíram mais de 10%. No caso de moda ainda houve crescimento pequeno, pouco superior a 10%.
Por outro lado, o faturamento de restaurantes, que ocupam em geral 4,6% do espaço em shopping centers americanos, subiu mais de 30% em 5 anos. Móveis e artigos de decoração, que respondem por 1,6% da ABL, apresentaram crescimento de vendas semelhante. E o setor de beleza, saúde e cuidados pessoais, que ocupa apenas 1,2% da área de lojas, teve elevação de 20% nas vendas neste mesmo período.
Isso significa que os shopping centers, para manterem-se relevantes, terão que mudar a composição do tenant mix, favorecendo segmentos que tem conseguido acompanhar melhor a evolução do gosto dos consumidores e competir melhor com os novos canais de vendas digitais.
Pergunta: no Brasil, esse fenômeno também deve repetir-se? Eu diria que sim. Penso, aliás, que este processo já começou. Levar mais serviços, alimentação e entretenimento para nossos shoppings e encontrar novas receitas, que possam compensar eventuais perdas geradas por esse processo de substituição, será uma das prioridades dos shopping centers brasileiros em 2018.