Muito usada pelas companhias aéreas e aplicativos de carros, a precificação dinâmica chegou ao varejo. A Casas Bahia tem utilizado a estratégia para competir com os produtos-core, como eletrodomésticos, móveis e itens de tecnologia. No e-commerce, trollers capturam preços dos concorrentes e a varejista consegue ajustar suas ofertas várias vezes ao dia, de acordo com a estratégia comercial.
Nas lojas físicas, o processo de captura ainda é manual, com equipes de vendas rodando lojas concorrentes. “Assim como a indústria aérea e de locação de carros, estamos trazendo isso para o varejo. De acordo com a nossa estratégia comercial, de crescimento em determinada categoria, a gente discute com a indústria, faz uma negociação rápida e altera o preço de forma dinâmica também”, afirma Renato Franklin, CEO da Casas Bahia, em entrevista exclusiva à Mercado&Consumo, durante a 9ª edição do Latam Retail Show, principal evento B2B de varejo e consumo da América Latina, realizado pela Gouvêa Experience, de 17 a 19 de setembro, no Expo Center Norte, em São Paulo.
Franklin destaca que o crédito será a principal alavanca de crescimento nas vendas para o terceiro e quarto trimestres e também em 2025. “O crédito traz geração de valor para a companhia. Temos um portfólio de mais de R$ 5,5 bilhões. É o maior do Brasil e vem crescendo. Essa será a principal avenida de crescimento e dá força para acelerar outras alavancas”, diz.
Segundo o CEO, o principal desafio é chegar no digital e, para isso, a IA tem ajudado na aprovação de crédito e prevenção à fraude, que caiu para o mesmo nível das lojas físicas. A varejista também fez modificações importantes nos processos, trazendo biometria facial e assinatura digital. Com essas medidas, a penetração do crediário digital passou de 2% a 3% para 10% a 12%.
“Com a loja física, eu atendo 500 cidades. Com o machine learning, eu consigo vender com crediário para 5 mil cidades, amplio a capilaridade da companhia e melhoro a margem do digital”, explica Franklin. Com mais 10 milhões de clientes com crédito aprovado, a rede promove ações de marketing para levar esse consumidor para loja.
IA e retail media
A rede varejista tem testado diferentes abordagens para o uso da Inteligência Artificial e outras tecnologias e escalado as mais eficazes. Um exemplo é o uso da IA na revisão de inventário e gestão de estoques: a empresa conseguiu reduzir seu nível de estoque de 120 para 82 dias, com impacto de R$ 1,5 bilhão no caixa.
Com os dados gerados, otimizou o envio de itens para suas lojas e centros de distribuição, garantindo que estejam próximos dos clientes, reduzindo os prazos de entrega. Atualmente, 65% das entregas são realizadas no mesmo dia e 80%, em até 24 horas.
A companhia passou a explorar o retail media no início deste ano, com mais de 50 mil telas em lojas para veicular anúncios que capturam a atenção dos clientes no momento da compra. Franklin destaca que atualmente 60% da receita gerada pelo retail media vem do seu ecossistema digital, que inclui links patrocinados e ações de CRM.
“Com uma base de 108 milhões de clientes, temos capacidade de criar campanhas altamente personalizadas, atendendo a fornecedores que desejam segmentar o público e oferecer produtos de interesse específicos”, diz.
Para ver a entrevista completa com o CEO da Casas Bahia, Renato, Franklin, clique no vídeo abaixo:
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