“Facilite o troco”. “Use moedas”. Frases como essas estão estampadas em placas de caixas de supermercados e lojas por todo o País. O Banco Central estima que cerca de 35% das moedas emitidas no Brasil desde 1994 estão fora de circulação – largadas nos carros, guardadas em cofres, no fundo das bolsas.
Para o grande varejo, o troco pode ser um problema. Primeiro, porque a falta dele impacta diretamente na experiência do cliente. Depois porque, para se abastecer, as empresas precisam, muitas vezes, fazer campanhas para arrecadar moedas, além de cuidar do transporte do dinheiro.
Foi com foco nesse problema que Rodrigo Dória fundou a Super Troco. A startup oferece um modelo baseado em um programa de fidelidade. Ao fazer a compra, o consumidor pode optar por, em vez de receber o troco em dinheiro, acumular pontos – que são creditados diretamente no seu CPF e podem, depois, ser trocados por produtos. Companhias como o Grupo Líder, do Pará, e o Grupo Mateus, que atua tanto no Norte quanto no Nordeste, estão entre que adotaram a solução.
“O varejo brasileiro sofre com a falta de troco há muitos anos, porque tivemos um período muito longo inflação, quando as moedas não valiam nada. As pessoas não dão valor à moeda e acabam tirando-as de circulação, deixando guardadas em casa, esquecidas no carro ou na bolsa”, diz Dória, que também é o CEO da empresa.
Segundo ele, a solução foi desenvolvida ao longo dos últimos cinco anos. Ao acumular pontos na hora da compra, o consumidor pode, também, concorrer a prêmios. “O sorteio é a grande motivação do negócio”, afirma. Os valores sorteados podem chegar a R$ 500 mil.
“É um procedimento fácil e rápido, realizado no próprio caixa em poucos segundos, facilitando a operação do caixa e garantindo aos nossos clientes mais comodidade e vantagens a partir dos sorteios”, afirma, em nota, Ilson Mateus, presidente do Grupo Mateus.
Impacto na fila do caixa
A ideia, afirma o fundador da startup, não é que dar ao varejo a opção de não ter o troco no caixa – até porque essa é uma obrigação das empresas -, mas oferecer uma alternativa aos clientes. “Claro que algumas pessoas precisam daqueles centavos. Mas, no geral, o consumidor aceita muito bem o produto, porque, na grande maioria das vezes, ele não faz nada de produtivo com a moeda.”
A Super Troco atua hoje com varejistas de todos os portes, mas são os grandes que mais veem vantagem no modelo. Isso porque, para elas, a gestão do troco tem um impacto grande na operação. As empresas montam estruturas, muitas vezes descentralizadas, para dar conta da demanda.
“A maioria dos varejistas não tem um ‘departamento de troco’. Normalmente, alguém fica responsável por fazer uma campanha para arrecadar moeda, enquanto outra pessoa cuida do transporte, por exemplo. O próprio varejista não sabe quanto gasta com o troco e só vê o efeito da falta dele já na fila do caixa, quando o consumidor está reclamando”, diz Rodrigo Dória.
Isso sem falar do risco envolvido na manutenção de muito dinheiro no caixa e nas paradas de operações nos momentos em que as moedas não são encontradas e precisam ser trocadas entre os funcionários.
A integração ao sistema da Super Troco não tem custos para o lojista parceiro. A solução está integrada aos principais sistemas de frente de loja do Brasil. Atualmente, o programa atua prioritariamente em redes supermercadistas, farmácias, lojas de departamento e redes de fast food.
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