Cenário econômico impacta no comportamento de consumo das famílias

Por Eduardo Yamashita*

O IBGE divulgou no último dia 14 de maio dados de crescimento do varejo no primeiro trimestre de 2015: queda no volume de venda real (acima da inflação), de -0,8% para o varejo restrito e queda de -5,3% no varejo ampliado, que contempla material de construção e veículos.

Os dados mostram que o impacto na redução da renda real dos consumidores, aumento do desemprego, queda no rendimento, inflação alta e resistente e crédito mais escasso é evidente e já começa a impactar nos hábitos de consumo dos brasileiros.

Os segmentos que já vinham sofrendo desde o 2º semestre do ano passado continuam fortemente impactados. São os semi-duráveis (vestuário, calçados livrarias, artigos esportivos) e principalmente o segmento de duráveis (eletroeletrônicos, material de construção), uma vez que são dependentes de disponibilidade de crédito e confiança dos consumidores.

O segmentos relacionados ao entretenimento e lazer também já começam a demonstrar algum desgaste, a alimentação fora do lar por exemplo, que vinha sendo um dos segmentos de maior crescimento até o ano passado, já mostra sinais de desaquecimento. Os dados que a GS&MD coleta desse segmento mostram que a frequência do consumidor caiu e que possivelmente os consumidores já tenham começado a preferir estabelecimentos com o ticket médio mais barato.

Outros segmentos menos impactados, como a alimentação dentro do lar e farmácias, também estão passando por mudanças. Em épocas de escassez como a que estamos passando, é usual o movimento de tradedown dos consumidores, que passam a comprar produtos mais baratos, reduzir a quantidade de produtos que compravam anteriormente e até mesmo o movimento de troca de estabelecimentos já começa a ser notado.

E agora?

É inquestionável que as perspectivas para 2015 não são boas e que as empresas terão que se adaptar a essa nova realidade, mas há uma expectativa crescente no mercado de melhoria potencial a partir de 2016, que pode ser monitorada semanalmente pelo Boletim Focus do Banco Central. O documento mostra uma expectativa para 2016 de menor pressão da inflação, queda na taxa Selic (possibilitada pela queda na inflação) e recuperação do crescimento do PIB, fatores que contribuiriam para impulsionar a confiança dos empresários, alavancando a geração de empregos, renda e consequentemente na confiança dos consumidores, fatores críticos e viabilizadores do crescimento do varejo.

O Boletim Focus é um importante termômetro do ânimo do mercado e recomendamos o seu monitoramento com frequência pelas empresas de todos os segmentos.

*Eduardo Yamashita (eduardo.yamashita@gsmd.com.br) é diretor de Inteligência de Mercado da GS&MD – Gouvêa de Souza.

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