O mercado de locações comerciais está passando por mudanças, causadas pela crise econômica, mas também pelas mudanças de comportamento do consumidor. Para falar deste assunto, subiram ao palco do LATAM Retail Show: Cláudio Sallum, sócio-diretor da Lumine; Marilene Araújo, diretora de Expansão do Grupo Somma; Adriana Lima, diretora de operações do Rei do Mate; Renato Carneiro, diretor de expansão da Caedu; Felipe Andrade, diretor comercial da Aliansce; Antônio Horácio, diretor comercial da Ancar e o curador Marcos Hirai, sócio-diretor da GS&BGH. Eles fizeram parte do painel “O atual cenário de locações comerciais – mercado imobiliário e varejistas”.
Hirai iniciou a apresentação falando do cenário atual do varejo. Com a crise econômica, as vendas caíram, o que gerou uma mudança na relação entre locadores e locatários. “Eles entenderam que precisam caminhar juntos para vencer o momento difícil”, afirmou. Além disso, o valor das taxas condominiais apresentou tendência de queda, assim como houve um aumento da profissionalização. “Houve o estabelecimento de uma relação ganha-ganha. Um percebeu que não pode ganhar sem o outro”, disse Hirai.
Antônio destacou que duas das principais áreas de atuação da Ancar Ivanhoe hoje são Entretenimento & lazer e Experiência & bem estar. “Costumo dizer que um dos nossos principais concorrentes hoje é o Netflix. Porque o consumidor está em casa, no sofá, com uma cerveja à disposição e o controle remoto na mão. Temos que oferecer muito entretenimento, lazer, experiência e bem estar para atraí-lo para o shopping”, contou o executivo.
Sallum analisou o cenário de expansão dos malls antes da crise. “De 1990 a 2000, a ABL vinha crescendo uma média de 4% ao ano. De 2000 a 2005, crescemos 5%, de 2005 a 2010, 7,9% e de 2010 a 2015 crescemos 10%. Isso demonstra que havia muito mais inaugurações de shopping center do que o mercado comportava. Foi um crescimento desordenado, com estratégias e locações erradas, pessoas despreparadas”. Para o executivo, isso mudou e agora a evolução das inaugurações de shoppings acontece de forma mais racional.
Ele acredita que os shoppings regionais são um exemplo de sucesso deste período. Sallum destaca que os malls ainda são um local importante de lazer. O que mudou é o que as pessoas fazem quando estão neles, preferindo fazer refeições, ir ao cinema e usar os shoppings como ponto de entretenimento, não como centro de compras. “A tendência é fazer empreendimentos menores, mais perto das residências, trazendo conveniência”, resumiu.
Adriana contou que o Rei do Mate investe na expansão por meio de franquias. Normalmente são escolhidos shoppings consolidados, embora tenham custos mais elevados. “Nossos desafios são a queda do fluxo de clientes, excesso de concorrência, análise dos mix de produtos das lojas, custo de operação adequado, além dos estacionamentos, sobretudo nas cidades pequenas, onde as pessoas não estão acostumadas a pagar para parar o carro. Tudo isso influencia nas vendas”, contou Adriana.
Ela também falou sobre algumas oportunidades para melhorar a relação entre franqueados e shoppings, como criar maior proximidade e reduzir as taxas de condomínio. “Às vezes negociamos e conseguimos baixar o aluguel, mas, no próximo mês, o condomínio aumenta”, explicou a executiva.
Marilene contou que as marcas do Grupo Somma tem o maior espaço para crescer no omnichannel. As vendas cresceram 65%. “Mas desse percentual, muito pouco foi omni. A maioria foi do e-commerce. É preciso que os shoppings mudem o mindset e sejam mais omni”, afirmou a executiva. Ela analisou o cenário atual, com lojas âncora crescendo e lojas satélite que enfrentam dificuldades e não conseguem acompanhar o ritmo das mudanças, provocando uma queda nas vendas. Além disso, a receita de estacionamento, que é a maior fonte dos shoppings, vem caindo.
Mas existem oportunidades para os shoppings e as lojas voltarem a crescer juntos, como “melhorar o turn over, investir em novos formatos, como lojas pop-up e de marcas nativas digitais, que agora estão nos shoppings”, analisou Marilene.
Renato compartilhou informações sobre o ingresso da Caedu nos shopping centers, deixando de ser uma marca apenas com lojas de rua. De acordo com o executivo, o ingresso neste universo trouxe alguns desafios. “Foi necessário fazer pesquisas, olhar para dentro e conhecer o cliente, saber o que ele quer”, falou. Ele contou que a marca conseguiu uma redução de custo de 6% em relação às lojas de rua. Além disso, o fluxo das lojas de shopping é superior às de rua. “Os clientes gostaram, elogiaram este novo conceito”, comentou Renato.
De acordo com Felipe Carneiro, os shopping centers passaram a ser life centers, embora ainda com o objetivo de vender. “Agora as lojas ancoras são voltadas para entretenimento, lazer e serviço, com academias e clínicas médicas por exemplo. Temos focado em operações cada vez mais exclusivas” falou.
Ele comentou que o foco é ampliar as vendas dos lojistas. “Para isso, os três principais pilares são: reforçar dominância, procurando fortalecer os shoppings para que eles sejam cada vez mais os malls de referência das regiões em que atuamos, otimizar a experiência e, naturalmente, encantar os consumidores”, resumiu Felipe. A Aliansce Sonae vem investindo na busca de varejistas adequados para cada local e empreendimento. A empresa trocou praticamente 15% de sua ABL, gerando valorização para a companhia.
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