Com a inflação subindo há 14 semanas no boletim Focus, do Banco Central, e as previsões de crescimento mais fracas, principalmente para 2022, demonstram um cenário preocupante para a economia brasileira. Por outro lado, com a liberação das restrições sanitárias, os setores de comércio e serviços dão sinais de recuperação, mas podem esbarrar na queda da renda e no desemprego.
No cenário internacional, a variante delta, os sinais de desaquecimento da economia chinesa e o anúncio para acabar com os estímulos monetários nos Estados Unidos têm efeito negativo no crescimento das duas principais economias mundiais.
O “Panorama Mercado&Consumo” é produzido pelo time da Gouvêa Analytics, integrante da Gouvêa Ecosystem. Confira, a seguir, os principais pontos de atenção nos próximos dias.
Cenário econômico nacional
O cenário econômico vem se deteriorando, com a inflação subindo há 14 semanas no boletim Focus, do Banco Central, e as previsões de crescimento mais fracas, principalmente para 2022. Para tentar controlar a escalada da inflação, na última semana, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa básica de juros para 6,25% ao ano e já revelou a intenção de subir a taxa em mais 1 ponto percentual na reunião de novembro.
Com o avanço da vacinação no País e o fim das restrições sanitárias, os setores de comércio e serviços apresentaram bons números, em julho, e uma mudança clara no padrão de consumo: enquanto o setor de vestuário cresceu 42%, na comparação com 2020, supermercados e materiais de construção seguem em queda. A recuperação, porém, não deve ter grandes saltos por conta do desemprego e da queda na renda dos brasileiros.
Já a indústria enfrenta gargalos, como a dificuldade de manter cadeias de suprimentos, e registrou queda. Um bom exemplo dessa situação é a produção de automóveis, que caiu quase 40% em agosto em relação ao mesmo mês de 2019.
Outro sinal de alerta é que as as empresas estão usando estoque adicional feito no primeiro trimestre As variações dos estoques que representaram 4,1% do PIB no primeiro trimestre, caíram para -1% no segundo, o que demonstra um claro cenário de frustação das expectativas.
Cenário econômico mundial
Três pontos vêm influenciando o cenário econômico mundial nas últimas semanas: a influência da variante delta, os sinais de desaquecimento da economia chinesa e o anúncio da data para acabar com os estímulos monetários (U$ 120 bilhões por mês) nos Estados Unidos.
Nos EUA, o setor de lazer e hospitalidade já sentiram o efeito do arrefecimento por conta da variante delta. Depois de gerar mais de 2 milhões de empregos até junho, os números ficaram estáveis em agosto. Já o setor de bares e restaurantes registrou resultado negativo de 40 mil postos. A China também sente os efeitos: o varejo cresceu apenas 2,5% em agosto, bem abaixo dos 6,3% esperados.
O combalido crescimento da economia chinesa encontrou mais uma barreira: a gigante incorporadora Evergrande, superendividada e à beira da falência, havia conseguido um acordo para pagamento de dividas de curto prazo, mas contrariando essa tendência o governo chinês enviou um memorando aos governos locais para se prepararem para o “pior”. O mercado voltou a ficar nervoso e o medo do contágio dentro da economia chinesa é alto e tem reflexos no Brasil, que sofre queda nos preços de minério de ferro.
A China também tornou ilegal qualquer transação com criptomoedas, o que demonstra uma tentativa de abertura de espaço para a disseminação do e-renmibi no país e no mundo.
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