Mercado de vizinhança: o “get local” veio para ficar

Mercado de vizinhança: o "get local" veio para ficar

O maior e mais antigo evento de varejo do mundo terminou há poucos dias em Nova York e as expectativas para o futuro são realmente empolgantes. A 111ª edição da NRF reuniu apresentações de diversas empresas e profissionais sobre as principais tendências do mercado, mas uma analogia usada por Lee Peterson, VP da consultoria WD Partners, chamou a atenção e descreveu exatamente o que o varejo está vivendo ultimamente: A “supernova” do varejo. Em poucas palavras, isso significa que no final do ciclo de vida de uma estrela no nosso universo, ela ativa um processo chamado de supernova. Este movimento é o resultado de uma grande explosão responsável pela origem de matéria-prima para outros corpos celestes, geralmente criando outras estrelas ou até mesmo novas galáxias. Ou seja, a mensagem principal desta analogia é que o varejo tradicional está sendo destruído para dar lugar a um novo.

Sendo assim, há uma grande fragmentação de canais e surgem todos os dias novos formatos e modos de comprar e de vender. Mas vale lembrar que esse fenômeno no varejo não aconteceu por causa da pandemia, pois boa parte das mudanças já estava sendo mapeada pelo menos nos últimos 15 anos, tais como: social selling, live streaming e-commerce, dark stores, e, agora, o metaverso. Tudo isso indica que o dinamismo do varejo proporciona o surgimento de modelos de venda diferentes e que impulsionam a migração das vendas para o digital e também para o comércio local.

E por falar em comércio local, outra frase que faz mais sentido agora do que nunca e que marcou muito a NRF 2022 foi “Think global, get local”. Em um cenário mundial embalado por uma pandemia sem precedentes, é fato que o mundo corporativo sofreu muito impacto com o home office, assim como a nossa vida pessoal. Com a mudança de hábitos de consumo, cada vez mais convenientes, as pessoas passaram a dar preferência a compras menores, mais rápidas e mais frequentes. Um olhar positivo para todos esses movimentos fez com que novas oportunidades de compras e vendas de produtos, em formatos diferentes do tradicional, foram proporcionadas. Como é o caso de uma tendência chamada “get  local”, ou seja, quando o cliente quer consumir os seus produtos e serviços cada vez mais próximos de sua casa. Isso abre espaço para outros formatos de lojas, como conveniência, padaria, bomboniere, mini mercado e loja de autoatendimento em condomínios cada vez mais compactas, tecnológicas e otimizadas. Desse modo, é fato que uma sociedade 5.0 exige das marcas esforço e dedicação para melhorar a qualidade de vida das pessoas e que “disponibilidade”, neste caso, é uma das palavras de ordem do novo varejo.

Uma prova disso é uma pesquisa apresentada pela WD Partners Research e Mckinsey & Company que aponta que 88% dos entrevistados irão comprar mais localmente nos próximos anos. Fatores como localização e facilidade de chegar, uma vez que este tipo de estabelecimento costuma estar próximo da residência, compras de itens pontuais e agilidade, têm levado os consumidores a procurarem ainda mais por esse tipo de estabelecimento. Com a pandemia, o movimento continuou e a procura pelos mercados de vizinhança foi reforçada também pelo pensamento de ajudar os empreendedores e varejistas menores, contribuir com o comércio local, além da chance de encontrar lojas mais vazias e com menor concentração de pessoas.

Vale lembrar que esta tendência que ganhou força na pandemia pode se estabilizar de vez, desde que as estratégias corretas sejam colocadas em prática. Para obter bons resultados com os novos formatos, o varejista que seguir a tendência “get local” deve oferecer sortimento e serviços adequados ao público-alvo de cada região onde atua, além de uma jornada de consumo ágil, simples, personalizada, qualificada e digital para o cliente.

Fernanda Dalben é diretora de marketing da rede de Supermercados Dalben.
Imagem: Shutterstock

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