Por Marcos Gouvêa de Souza*
Seguramente não terá nenhum efeito prático, mas fará eco ao que milhões de brasileiros pensam e gostariam que acontecesse. Repetir o bordão eternizado no filme “Tropa de Elite” pode ser a nova palavra de ordem no momento brasileiro.
Repercutindo o que Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, destacou em sua apresentação de abertura do 4º Fórum Nacional de Varejo, Consumo e Shopping Centers, ocorrido no Guarujá no fim de semana passado, já são mais de 100 mil lojas fechadas nestes últimos dois anos.
Esse número é apenas um pouco maior do que as 98 mil lojas que operam em shopping centers e, portanto, o que tivemos nos últimos dois anos pode ser comparado ao fechamento de todos os shoppings em operação no Brasil. Com base nas médias nacionais de empregados por estabelecimento, isso representou o desemprego de perto de 750 mil empregados no setor, algo que representa em torno de 70% do total de demissões nos últimos dois anos no Brasil.
Não podemos mais esperar o agravamento do atual quadro que possa ensejar a explosão de movimentos sociais e o confronto aberto entre os diversos nós e eles, entre o Norte e Sul, entre o povo e a elite, entre empregadores e empregados, entre vermelhos e todos os demais, da forma como tem sido pregados acirrando os ânimos. O Brasil não pode se dividir no encontro de uma solução. E não pode esperar mais.
É preciso encerrar esse ciclo dramático da história politico e economica do Brasil para que possamos iniciar um novo período que contenha a debandada de capitais, emprego e talentos em busca de melhores condições de aproveitamento.
E o que está em jogo não é a firmeza de uma guerrilheira sendo torturada no pau de arara e se negando a entregar seus companheiros. O que está em jogo são mais de 300 mil famílias que estão perdendo a condição de trabalhar por conta da falta de empregos.
O que está em jogo é a unidade do País. O que está em discussão é nosso futuro e de nossos descendentes e o legado maldito que estamos deixando.
Recebemos como herança um país unido e com recursos naturais em profusão e o que estamos legando é um País dividido, desnorteado, acéfalo, em profunda depressão e cuja melhor perspectiva é o impeachment da presidenta para que um novo ciclo tenha início.
Mas isso pode levar mais algum tempo e levará também consigo mais empregos, mais falências, conflitos sociais e uma divisão mais profunda do País.
A presidenta eleita com um terço do total de votos na última eleição conseguiu agora quase que unanimidade no pedido que pense mais no País do que em sua ideologia, seus dogmas e convicções. Pense no Brasil antes de tudo e não em sua fé inabalável na capacidade de sobreviver ante os desafios. Precisamos de gestores, politicos e gente com discernimento e bom sendo e não de heróis, ou heroínas, neste momento
É chegada a hora de pedir para sair.
Nada poderá engrandecer mais sua biografia do que a demonstração de amor e respeito pelo Brasil que tanto diz valorizar do que entender que está encerrado esse ciclo e prolongar esse período é impor um sacrifício ainda maior à população.
Nada poderia ser mais egoísta e mesquinho do que tentar prolongar o atual sofrimento.
Pedir para sair seria um gesto único de grandeza e sua biografia registraria para a história a derradeira e definitiva prova de amor ao Brasil.
“Pede para sair” é o que milhões de brasileiros estão pedindo.
*Marcos Gouvêa de Souza (mgsouza@gsmd.com.br) é diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza. Siga-o no Twitter: @marcosgouveaGS