A inflação dos serviços superou a do varejo em São Paulo no mês de junho, o que não ocorria desde setembro do ano passado. As atividades que mais contribuíram para a alta foram as ligadas à saúde e aos cuidados pessoais.
Essas conclusões são baseadas em dados divulgados pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), que mostram que o custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) cresceu 0,42% no mês passado.
Segundo o indicador Custo de Vida por Classe Social (CVCS), aumento no grupo da saúde foi de 1,28%, gerando a maior influência no resultado geral do indicador. O que chamou a atenção foi o aumento dos preços dos planos de saúde, que atingiu 3,1%.
O Índice de Preços de Serviços (IPS) apontou alta de 0,83%, enquanto o Índice de Preços no Varejo (IPV) variou 0,04%. O IPS acumula, em 2022, alta de 2,31%, variando, nos últimos 12 meses, 8,03%. Em 2021, o indicador acumulava 0,09%, nos primeiros seis meses, e 2,41%, no período compreendido entre julho de 2020 e junho do ano passado.
No varejo, as altas expressivas ficaram concentradas nos remédios hormonais (4,1%), nos artigos de maquiagem (3,8%) e nos antigripais (2,9%). As famílias de maior renda foram as mais impactadas. Para a classe A, a alta mensal foi de 1,39%, enquanto para a classe E, a variação foi de 0,59%. Já no acumulado do ano, houve o movimento inverso: 11,76% para a classe mais baixa e 6,71% para a classe A.
Alimentação e bebidas
A segunda atividade que mais influenciou a alta do custo de vida foi a de alimentação e bebidas, com variação de 0,49%. Os preços do feijão (9,3%); do iogurte e das bebidas lácteas (3,6%); e do pão francês (0,9%) foram os que mais pressionaram o grupo.
Seguindo a FecomercioSP, a alta de leites e derivados é reflexo do maior gasto com a alimentação dos animais no campo – no período de seca, nos pastos, gasta-se mais para complementá-la com farelo de soja ou de milho, que estão com preços elevados.
Por outro lado, foram observadas quedas na cenoura (21,4%), na alface (6,3%) e nas carnes, como chã de dentro e contrafilé, que retraíram 3,8% e 1,7%, respectivamente. Entretanto, nas refeições fora de casa, houve alta de 1,3%. Os lanches e o cafezinho subiram 3,2% e 2,5%, respectivamente. A inflação no mês para a Classe A foi de 0,78%, enquanto para a classe E, a variação foi de 0,40%.
Também apontaram altas os segmentos de vestuário (inflação de 1,45%); habitação (0,28%); e despesas pessoais (0,28%). Outros grupos demonstraram estabilidade (como a comunicação) ou variação quase nula (caso da educação, 0,02%, e dos transportes, -0,01%).
Transportes registra deflação
Nos transportes, observou-se deflação de 0,41%, para as classes mais baixas, e aumento de 0,53%, para as que ganham mais. Por um lado, houve recuo de 8% no etanol, por outro, avanço de 9,3% no valor das passagens aéreas.
Os dados de junho ainda não refletem a redução nos preços da gasolina e do etanol, após a imposição do teto da alíquota do ICMS em 17% para os combustíveis e da redução de R$ 0,20 na refinaria, pela Petrobras. Como eles são responsáveis por 21,4% no índice geral, deverão levar o custo de vida a um patamar muito mais baixo.
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