Sair do universo empresarial para a administração pública é uma grande mudança. O governador de Minas Gerais Romeu Zema falou sobre isso durante o LATAM Retail Show, em sua apresentação “Os desafios de aplicar o modelo de gestão corporativa na administração pública”.
O governador começou a apresentação contando sobre sua trajetória pessoal. Vindo de uma família de pessoas que trabalhavam com concessionárias de automóveis. Não se identificou com esta área e atuou com eletrodomésticos, tendo recebido depois um convite do Partido Novo. “Minha única experiência com o poder público era receber fiscais e pagar impostos”, falou.
De acordo com Zema, a transparência foi uma das características que levou de sua carreira como empresário para a gestão pública. “O limite para gastos com pessoal é de 60% da receita. Minas gastava 80%. E a câmara aprovava os gastos como se estivessem dentro do limite”, afirmou o político.
Assim como faria com uma empresa que gasta demais, Zema cortou despesas. O último governador tinha 32 empregadas, pagas pelo estado. “Eu aluguei a minha casa perto da cidade administrativa. Eu pago o meu aluguel. Ao invés de ter 32 empregadas, tenho uma diarista que vai à minha casa duas vezes na semana e eu também custeio”. Os aviões que eram de uso exclusivo do governador foram vendidos. “Os que não foram estão sendo compartilhados com a Polícia Militar”, disse Zema.
Ele afirma que a controladoria do estado foi fortalecida. “Tudo era feito sem acompanhamento, sem ser auditado”, contou. Ele disponibiliza sua própria agenda e seus gastos de forma aberta para o público.
Segundo Zema, um dos principais pontos de atuação de seu governo é o fortalecimento da economia de Minas Gerais, por meio da retomada do setor produtivo. O estado foi o que mais sofreu com a recessão, com a maior perda de empregos. Ele disse que pretende reduzir impostos durante seu mandato. “Ainda não foi possível devido às condições financeiras em que Minas se encontra”, afirmou. Mas já foram criadas 49 mil vagas com carteira assinada, sendo o segundo estado que mais empregou no país, atrás apenas de São Paulo.
Para o governador, um dos principais entraves do estado é a vigilância sanitária, que está sendo reformada. “Tinha produtor de queijo que me falava que conseguia vender em São Paulo, mas não em Minas porque a vigilância não aprovava o produto”.
Para resumir uma das principais dificuldades do país, Zema trouxe o exemplo da educação em Minas Gerais. O setor é o que mais emprega na área publica no estado. Há controle de tudo, sendo possível acessar os dados da quantidade de escolas, professores e gastos. Mas o INDEB, indicador que mede o nível educacional, piorou nos últimos anos. Há muito controle, um excesso de professores e de burocracia, mas não há resultados. “É preciso começar a enxergar que o poder público existe para atender o brasileiro e não alguns grupos que se apropriaram do Estado como um todo”, concluiu.
* Foto: Terassan Fotografia