As vendas da indústria e do comércio varejista tiveram queda de mais de 30% no mês de abril, na comparação com março, informa o Boletim de Acompanhamento Setorial da Atividade Econômica, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). No setor de serviços, a retração foi de 23,7%.
O instituto relaciona a queda da atividade econômica às medidas de isolamento social, adotadas por estados e municípios como forma de prevenção à pandemia do novo coronavírus (covid-19), seguindo orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com o Ipea, além da paralisação de uma “ampla gama de atividades produtivas”, a queda das demandas interna e externa causou a forte retração em todos os setores da economia.
Para calcular o desempenho da economia, o Ipea tomou como base os parâmetros de três pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e passará a realizar mensalmente a projeção antes da divulgação dos dados oficiais pelo IBGE.
Indústria
O Ipea destaca que o cenário começou a se deteriorar em março, mês em que a Pesquisa Mensal da Indústria, do IBGE, constatou um recuo de 9,1% na produção industrial ante fevereiro. A produção de veículos e o setor de vestuário foram os mais afetados, enquanto o impacto foi menor na produção de alimentos, papel e celulose, e derivados de petróleo.
Segundo a estimativa do Ipea, a retração deve crescer para 36,1% na próxima pesquisa, que será divulgada pelo IBGE em junho e medirá o cenário em abril. O resultado do quarto mês de 2020, projeta o Ipea, deve representar uma queda de 44,6% na comparação com abril de 2019.
Mais uma vez, a indústria de veículos automotores deve estar entre as mais afetadas, com uma queda de 92,9% em relação a março, e de 90,4% diante de abril de 2019. Já na indústria de celulose e papel, a queda prevista é de 1,4% ante março, e, na comparação com abril de 2019, deve haver estabilidade, com alta de 0,3%.
Comércio e serviços
A última Pesquisa Mensal do Comércio (IBGE), divulgada em 13 de maio, também havia apontado queda em março, quando as vendas do varejo ampliado recuaram 13,9%. Os segmentos menos afetados, nesse caso, eram os associados à venda de alimentos, artigos farmacêuticos e de materiais de construção. Para abril, a previsão do Ipea é que o movimento se intensificou, chegando a uma queda de 34,7% para o conjunto do setor. Na comparação com abril de 2019, a queda deve ser de 44,5%.
O varejo ampliado inclui as lojas de veículos e materiais de construção, além de todos os outros setores do comércio. Assim como a produção, a venda de veículos deve ter uma queda mais acentuada que os números globais, atingindo queda de 62,2% de março para abril. O varejo restrito, que exclui veículos e materiais de construção, deve ter queda de 28,4% em abril, na comparação com março.
O setor de hiper e supermercados deve ser um dos menos afetados pela crise, com recuos de 5% em relação a março e de 1,1% na comparação com abril de 2019. Segundo o Ipea, os impactos da crise desaceleraram as vendas em relação a março, mês que estabeleceu uma elevada base de comparação em virtude da estocagem de alimentos por parte de alguns consumidores.
Nos serviços, a queda em março foi de 6,9%, segundo a Pesquisa Mensal dos Serviços, que já havia apontado recuo de 30% nas atividades turísticas. A projeção para abril é que a retração geral do setor chegue a 23,7%.
Com informações da Agência Brasil.
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