Os desafios que executivas mulheres enfrentaram – e ainda enfrentam – no mundo dos negócios foi tema de um painel do Connection NRA Show 2022, evento realizado neste fim de semana em Itu, interior de São Paulo, pela Mercado&Consumo e pela Gouvêa Foodservice. Claudia Elisa, presidente do Conselho de Administração do Grupo Cassol, mentora e palestrante; Joicelena Fernandes, diretora comercial da Cargill Food Service para a América do Sul; e Lyana Bittencourt, sócia-diretora do Grupo Bittencourt, foram as convidadas do painel.
Claudia destacou o fato de que o ESG está em pauta, e um de seus pilares é a diversidade. “Tem havido uma evolução. A presença de mulheres passou de 5% para 14%, ao mesmo tempo e ao todo mundo está mais preocupado em garantir diversidade”, diz.
Mas ela, que já passou por várias empresas como executiva e como conselheira, afirma que, ainda hoje, acontecem situações em que uma mulher dá uma ideia numa reunião e ninguém lhe dá atenção. “Quando um homem dá a mesma ideia, todo mundo acha ótimo”, afirma. A executiva lamenta, ainda, a presença reduzida de mulheres na área de tecnologia.
Engenheira, Joicelena Fernandes contou que começou a carreira no chão de fábrica, num abatedouro de frangos, outro ambiente predominantemente masculino, com pouquíssimas mulheres. Chegou a ouvir que, ali, todos eram criados para formar família e só depois estudar e trabalhar. Foi questionada por não ser casada, mesmo ainda sendo muito jovem.
Em outro momento da carreira, Joicelena estava prestes a ser promovida quando descobriu que estava grávida. “Ouvi numa reunião: ‘A gente precisa resolver como vai tratar esse problema da Joice’. Ouvir isso dói”, relembra.
Ainda assim, para ela, o que ficaram foram os aprendizados. “Tudo o que vivi me fez uma profissional melhor. Fui me capacitando e gabaritando para assumir um cargo de liderança na Cargill. Estou na empresa há um ano da Cargill e é impressionante como a pauta ESG está presente. A meta é que, até 2030, as mulheres ocupem 50% de todas as cadeiras de liderança. No Brasil, já são 34%.”
Lyana contou que, na Bittencourt, a liderança feminina sempre esteve presente – a empresa foi fundada pela mãe dela, Claudia. “A maternidade não pode significar uma obrigação de a mulher ficar em casa. A empresas precisam entender que as mulheres precisam de apoio para estarem lá. Temos que definir estratégias diferentes para esses momentos”, comentou.
Para a executiva, é preciso que as empresas sejam mais humanizadas. “Faço um desafio. Volte para suas empresas e vejam como está a diversidade. Coloquem isso como meta clara da companhia”, disse.
Imagem: Gabrielly Mendes