O mercado global de luxo alcançou significativa estabilidade e movimentou mais de 1,5 trilhão de euros no ano passado. O setor foi impulsionado pela retomada do turismo e busca por experiências exclusivas, apesar das turbulências econômicas e geopolíticas do período. O novo Relatório Global de Luxo da Bain & Company, elaborado em parceria com a Altagamma, a associação italiana da indústria de fabricantes de bens de luxo, mostra que, apesar dos bons resultados, o ritmo em 2024 indica uma leve desaceleração.
A pesquisa destaca a tendência de demanda por experiências de luxo em detrimento de bens tangíveis. A busca por comida gourmet e gastronomia requintada tem sido motivada pela recuperação da indústria do turismo e pela crescente busca por atividades imersivas, como cruzeiros de luxo mais intimistas. Além disso, o mercado tem visto um crescimento consistente em jatos particulares e iates, ao passo que acompanha leve retração nos segmentos de leilões de artes plásticas e de itens pessoais de luxo.
“Para manter sua relevância e resiliência, as marcas de luxo devem repensar a forma como sua proposta de valor é construída e precisam priorizar a confiança e a conexão com seus consumidores”, explica Gabriele Zucarelli, sócio da Bain e líder da prática de Varejo na América do Sul. “Para se distanciar da instabilidade, o melhor caminho é criar uma ligação mais pessoal entre marcas e clientes. O posicionamento das companhias quanto a seus propósitos e a atenção dispensada aos consumidores serão os diferenciais para destacar as empresas de sucesso em um cenário cada vez mais competitivo.”
Europa e o Japão demonstraram maior resiliência e foram puxados pelos fluxos de turismo no primeiro trimestre de 2024. Um número crescente de pessoas de todo o mundo tem buscado as cidades do arquipélago japonês e os fluxos turísticos no país ultrapassaram os níveis pré-pandemia, apoiados por taxas de câmbio favoráveis.
Em contrapartida, o mercado chinês continua sob pressão, com o renascimento do turismo emissor e o enfraquecimento da procura local, causado por incertezas econômicas. Entre os consumidores da classe média, cresce o comportamento de “vergonha do luxo”, semelhante ao que ocorreu nos EUA durante a crise financeira de 2008-2009. Da mesma forma, os norte-americanos continuam a enfrentar pressões macroeconômicas, apesar dos sinais de melhoria gradual do PIB e da confiança dos consumidores.
Dinâmica dos consumidores mais jovens
Em todo o mundo, as gerações mais jovens estão adiando gastos em bens de luxo devido a níveis crescentes de desemprego e perspectivas futuras enfraquecidas. Já a geração X e os baby boomers desfrutam do patrimônio acumulado, enquanto despertam a atenção das marcas de luxo. Esse posicionamento alimenta o crescimento contínuo do número de consumidores de alto padrão.
Para expandir, muitas marcas têm adotado uma abordagem dicotômica, com foco nos principais clientes e em eventos em grande escala, ao mesmo tempo em que buscam ampliar seu alcance, entrando em novos territórios, como o esporte. Este segmento, visto como uma oportunidade de branding para bens de luxo há muito tempo, agora é alvo das marcas que desejam investir em novos esportes.
Com o destaque que os Jogos Olímpicos de 2024 em Paris estão ganhando, as oportunidades de branding para alcançar novos públicos e envolver os clientes existentes de novas maneiras prometem resultados expressivos para 2024.
Projeção para 2030
O relatório prevê que o mercado de luxo deverá alcançar 2,5 trilhões de euros até 2030 com crescimento de 4% a 8% ao ano. Nesse cenário, a projeção para o Brasil é a de que o País atinja a marca de R$ 133 bilhões em faturamento nos próximos seis anos.
O relatório Vogue Business Index, da Vogue, apresentado durante a NRF 2024, que aconteceu entre 14 e 16 de janeiro, em Nova York, mostrou que Brasil, Coreia do Sul e Oriente Médio são as principais oportunidades para as marcas de luxo investirem nos próximos anos.
Para os investidores que desejam apostar no Brasil, o relatório aponta como fatores estimulantes para os negócios a reforma tributária, que prevê redução de custos com tributos de 34,4% para 27%.
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