A Black Friday já é tida por muitos como a principal data do ano para o varejo brasileiro, muito movido pelos inúmeros descontos aplicados. E por falar em preço baixo, dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), mostram que a cesta de produtos tradicionalmente mais comercializados na Black Friday registrou uma deflação de 0,53%, inflação abaixo da registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC-10), que teve alta de 4,35% nos últimos 12 meses. A variação negativa da cesta ocorre em um cenário onde a intenção de compras do consumidor para essa data depende principalmente dos preços dos produtos, segundo a Sondagem do Consumidor do FGV IBRE.
O contexto é especialmente favorável para produtos eletrônicos e vestuário. Aparelhos celulares lideram as quedas (-4,46%), seguidos por calçados infantis (-6,31%) e computadores e periféricos (-1,18%). Roupas também apresentam redução de preços, com destaque para roupas infantis (-1,58%), masculinas (-0,53%) e femininas (-0,31%).
“A principal contribuição para a queda no preço da cesta de inflação da Black Friday foi a redução nos preços dos aparelhos celulares. Apesar da desvalorização do dólar e do aquecimento do mercado de trabalho, fatores que normalmente pressionariam os preços, a deflação observada desde 2023 é resultado da saturação mundial do setor, que experimentou um crescimento acelerado das vendas durante a pandemia”, explicou Matheus Dias, economista do FGV IBRE.
Entre os eletrodomésticos, máquinas de lavar roupas (-1,95%) e geladeiras (-0,38%) também registram redução. Segundo o economista, o comportamento atual dos preços de alguns eletrodomésticos reflete os efeitos do patamar ainda restritivo da taxa de juros. Ele destaca que os desafios financeiros, a alta inflação, o aumento das taxas de juros foram fatores que levaram muitas pessoas a priorizar gastos essenciais, postergando a compra de bens duráveis.
Por outro lado, alguns itens apresentaram alta significativa, como ventiladores e circuladores de ar (4,39%), relógios (3,28%) e ar-condicionado (3,06%). Dias avalia que a inflação da cesta teria sido menor se não fosse por esses produtos. “O período prolongado de intenso calor e seca contribuíram para elevar a demanda por ventiladores e aparelhos de ar-condicionado, o que explica a alta acumulada desses produtos em 12 meses”, afirmou Dias.
Imagem: Shutterstock