Economia que gira

Economia que gira

Você já ouviu falar em economia circular?

Se ainda não, eu te digo. Estamos chegando numa nova era de um varejo mais responsável, mais consciente e mais sustentável.

A economia circular, em termos práticos, é uma forma de associar o desenvolvimento econômico com o melhor uso e otimização dos recursos utilizados na fabricação dos produtos, desde a matéria-prima até um processo de fabricação mais sustentável.

A ideia é ser mais durável, reciclável e renovável. E o que isso tem a ver com o varejo? Eu vou te contar agora.
Às vezes chamado de “re-commerce”, ou “reverse commerce” – e muitas outras vezes daquilo que se traduz no linguajar popular como o famoso “desapega” -,– esse modelo de comercialização de produtos tem tido impacto nos resultados de muitas marcas.

Isso porque consumidores cada vez mais conscientes passaram a consumir produtos de segunda mão, como uma forma de comprar mais barato e ainda atenuar a culpa pelo impacto desse consumo no Planeta. Com isso, se beneficiam de produtos que ainda estão com a vida útil em dia e, por isso, acabam circulando por mais tempo no mercado.

E isso muda tudo. É algo realmente disruptivo para as marcas e para os varejistas e se traduz não como ameaça, mas sim como oportunidade, afinal é um mercado que tem crescido muito nos últimos tempos.

Nos EUA, a venda de produtos de segunda mão pelas próprias marcas movimenta US$ 32 bilhões atualmente. Nos próximos quatro anos, esse mercado deve dobrar de tamanho, chegando em US$ 64 bilhões.

Em vez de ficarem olhando essa tendência crescer e ganhar ainda mais mercado, as marcas têm que fazer parte desse processo.

O que temos visto é que aquelas que ainda estão reticentes em começar seus programas de re-commerce indicam como maior motivo a ideia de que haverá canibalização de consumidores dentro do próprio negócio. Ou seja, consumidores de produtos novos passariam a consumir apenas produtos de segunda mão e, consequentemente, de menor valor.

Mas quem já trilhou esse caminho, como a REI – marca americana de atividades ao ar livre -, indica que isso é algo que não deve ser uma preocupação das marcas. Quando o consumidor estabelece esse vínculo de consciência e sustentabilidade com o varejista, ele se torna mais fiel e continua consumindo – produtos novos e os de segunda mão. Eles garantem que o re-commerce não é apenas uma questão de receita e lucro, mas de retenção e custo de aquisição de clientes, fidelidade e sustentabilidade do cliente.

Um ponto interessante é que nesse modelo o consumidor assume outro papel, que é o de fornecedor da cadeia. Forma-se, então, uma cadeia de abastecimento bilateral que acaba por exigir uma grande gestão de mudança no modelo do negócio.

E você? Está pronto para ver a economia girar?

Lyana Bittencourt é CEO do Grupo Bittencourt.
Imagem: Envato/Arte/Mercado&Consumo

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