Já não podemos esperar frases como “conhecimentos avançados em pacote Office” nos currículos. Com a recente notícia sobre a Microsoft liberar a integração entre Excel e Python, o mercado se prepara para novas oportunidades de emprego aos profissionais que consideram especializações voltadas ao desenvolvimento com linguagem de programação.
Por mais que a integração exista há anos, o investimento da Microsoft mostra a importância de trabalharmos com profissionais que consigam ir além das planilhas, com a coleta e análise de dados, tornando fundamental a presença de profissionais de TI em equipes multitarefas.
Ao analisarmos a principal discussão que está além das possibilidades que o Python oferece ao ser integrado ao Excel, podemos perceber que o foco está na competitividade do mercado de trabalho para profissionais de TI, por ser uma área em constante mudança, com novas tecnologias e tendências surgindo regularmente.
Essa questão está ligada diretamente à importância de buscar por certificações, colocando você à frente de outros candidatos ao demonstrar sua expertise em áreas específicas. A especialização envolve aprofundar conhecimentos em um domínio específico, permitindo compreender melhor os desafios e as soluções, tornando o profissional em um especialista que pode resolver problemas complexos de maneira eficaz.
Tornar-se um desenvolvedor em Python, por exemplo, pode estar ligado à demanda de oportunidades no mercado de trabalho, pois muitas empresas estão adotando a linguagem para suas necessidades de desenvolvimento back-end devido à sua legibilidade, produtividade e facilidade de manutenção, além de ser uma linguagem de programação versátil.
No entanto, perceber que existirá a possibilidade de você integrar bibliotecas ao Excel, através da estrutura da Microsoft Cloud, e poder inserir e editar a programação diretamente nas células (através da função “Fx”), faz com que um novo tipo de profissional corporativo, com conhecimentos em Python, consiga entender e atender as demandas relacionadas a bancos de dados, sistemas de mensagens, serviços em nuvem e muito mais.
O desafio dos gestores, principalmente dos departamentos ligados ao TI, será analisar as oportunidades para absorver em suas estruturas de maneira eficiente os profissionais capazes de trabalhar desde o desenvolvimento web até o aprendizado de máquina, a análise de dados e a automação de tarefas. Ou seja, um especialista em Excel ou um desenvolvedor back-end em Python pode não estar mais limitados em um único domínio, proporcionando uma gama mais ampla de oportunidades de carreira.
Com o recente interesse e investimento do mercado em ciência de dados e inteligência artificial, a procura por profissionais qualificados será cada vez maior. Não será analisado apenas o conhecimento técnico, mas sim se possui perfil e atuação capazes de ultrapassar a barreira da programação, oferecendo uma atuação mais ampla e que alcance níveis mais estratégicos.
A definição de “profissional multitarefa” deixará de ser apenas sobre execução, passando a ter uma conotação mais importante por envolver o entendimento do negócio e a capacidade em integrar frentes de trabalho. Com esse novo perfil e cultura, as empresas precisarão analisar a evolução de quem iniciou a carreira como “perfil avançado em Excel” para um especialista em integração de bibliotecas e desenvolvedor em Python.
Carlos Carvalho é CEO da Truppe!
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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