A rede de cosméticos e beleza Natura anunciou que a empresa atingiu a marca de 90% dos produtos de seu portfólio com origem vegana. Em comparação ao ano passado, a porcentagem de produtos veganos no catálogo cresceu 6%.
A líder global de Pesquisa e Desenvolvimento da Natura, Roseli Melo, destacou que o processo de mudança impactou toda a rede de parceiros da empresa. “Esse movimento foi muito positivo e engajador porque estimulou todos os nossos parceiros a aprimorar seus próprios processos e cadeias, assegurando a não-utilização de nenhum ingrediente não-vegano”, disse Roseli.
O único componente não-vegano que ainda faz parte de alguns itens do portfólio é a cera de abelha, que é um derivado de origem animal. O produto não é utilizado mais em novos produtos, mas faz parte da composição de alguns batons e máscaras de cílios. Segundo a Natura, a empresa já está em processo de substituição desse material de forma gradual.
Roseli também comentou que a busca pelo substituto ideal da cera tem sido foco da empresa. “É um compromisso já assumido, que exige um trabalho incansável de inovação e de pesquisa em todo o mundo para encontrar os ingredientes ideais que apresentem as mesmas propriedades estruturantes de forma a manter a qualidade e a alta performance pelas quais nossos produtos são conhecidos”, complementa a executiva.
Métodos internos
Para que um produto seja considerado vegano, a sua origem não pode ser animal e os produtos não podem ser testados em animais. A prática de testar novos produtos em animais foi abandonada pela Natura em 2006, e desde então a empresa possui certificações internacionais, como a Leaping Bunny, que validam essa política da companhia.
A gerente cientifica de Segurança Humana e Métodos Alternativos, Kelen Arroteia, ressaltou que o diferencial da marca está no manejo de ativos exclusivos da sociobiodiversidade brasileira.
“Matérias-primas e ingredientes cosméticos já consagrados no mercado possuem uma bibliografia abundante de dados e histórico de uso, mas nós temos um desafio imenso ao fazer a avaliação de segurança ou mesmo estudar os potenciais benefícios de nossos ingredientes porque são inéditos.”
Para cada matéria-prima, são usadas atualmente cerca de 14 metodologias in vitro diferentes em uma única bateria de avaliação de segurança. Hoje em dia, o procedimento para cada novo ingrediente tem uma duração média de até oito meses. No começo dessa metodologia a duração era de dois anos.
Outra metodologia utilizada é o cultivo de folículos de cabelo em laboratório, que tem como objetivo simular uma resposta dos efeitos e benefícios de testes em voluntários.
Um dos modelos de segurança utilizados na Natura se chama human-on-a-chip. O método mimetiza órgãos, que são biofabricados, e tecido corporal criando um sistema microfisiológico que reproduz o funcionamento do organismo.
A novidade foi desenvolvida pela equipe de Pesquisa e Desenvolvimento da Natura é a adaptação desse modelo para avaliar a toxicidade sistêmica de um ingrediente cosmético. Através desse sistema as cientistas conseguem avaliar seus efeitos tanto dentro do corpo (órgãos) quanto fora (pele) ao mesmo tempo.
“São vários métodos que coexistem e se combinam para termos uma resposta em relação à eficácia e segurança. E agora fazemos isso em maior volume e em menos tempo com a adoção de metodologias computacionais”, finaliza Kelen.
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