A Americanas informou, por meio de fato relevante divulgado na noite desta terça-feira, 31, que pediu à Justiça o direito de tomar um financiamento extra de R$ 1 bilhão. O crédito seria tomado na modalidade “debtor-in-possession”, conhecido como financiamento DIP, que é concedido por firmas especializadas em recuperação judicial e visa ajudar as companhias a manter o curso normal de seus negócios e reforçar sua liquidez.
“Caso aprovado, o Financiamento DIP, em conjunto com outras fontes de liquidez sendo exploradas pela companhia, incluindo a liberação de valores retidos por determinados credores, permitirá manter os investimentos em capital de giro e financiar obrigações não concursais, incluindo pagamento a fornecedores e parceiros”, diz a empresa no fato relevante.
Se efetivado, o financiamento de R$ 1 bilhão não deverá contar com garantias, permitirá a participação de credores da companhia e deverá ter remuneração equivalente ao custo médio de financiamento da empresa antes do pedido de recuperação judicial (o equivalente a cerca de 128% do CDI).
A Americanas diz, no comunicado, que vem discutindo com seus acionistas de referência a possibilidade de eles subscreverem até a totalidade do valor mínimo, ou seja, aportarem igualmente R$ 1 bilhão na empresa.
“O Financiamento DIP poderá ser eventualmente substituído por novo financiamento, conversível em ações da companhia, e que assegurará o direito de preferência de todos os acionistas”, diz o comunicado.
Advogado de Lula Lava Jato
Também nesta terça-feira, a Americanas anunciou a contratação de Cristiano Zanin, advogado que defendeu o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na Operação Lava Jato e que é cotado para o Supremo Tribunal Federal (STF). A empresa contratou Zanin para a defesa no processo que corre no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em que o banco BTG Pactual briga para seguir retendo R$ 1,2 bilhão do caixa da varejista.
Esse foi o golpe mais duro que a Americanas sofreu em seu caixa desde o início da crise, quando a empresa comunicou inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões.
Após o BTG, outros bancos bloquearam recursos da empresa que teve de pedir recuperação judicial de forma atabalhoada para não quebrar. Após bloqueios judiciais e cancelamento de adiantamentos, a varejista ficou com o caixa quase vazio.
Conforme adiantou o jornal O Estado de S. Paulo, a empresa tem estimativa de quatro meses de estoque sem o aporte dos acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. Em 20 de janeiro deste ano, a companhia entrou em recuperação judicial, reportando dívidas superiores a R$ 40 bilhões.
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