Com um faturamento de R$ 1 bilhão em 2024, o Aiqfome é a segunda maior plataforma de delivery online do País, atrás apenas do iFood. Atualmente, a empresa opera em 700 cidades do interior do Brasil e, segundo o CEO da companhia, Igor Remigio, é a única capaz de desafiar a hegemonia do iFood no mercado de delivery brasileiro.
Lançado em 2007, o Aiqfome, agora parte do Grupo Magalu, entrou no mercado de delivery quando os serviços online de entrega ainda eram novidade no Brasil. Em entrevista exclusiva ao M&C Talks, da Mercado&Consumo, Remigio afirma que o mercado de delivery “é quase monopolizado, o que impossibilita que os restaurantes tenham qualquer poder de negociação.”
O sucesso do Aiqfome fora das grandes capitais, especialmente nas cidades médias, pode ser atribuído a uma combinação de estratégias locais, adaptação às realidades regionais e uma aproximação direta com restaurantes e consumidores. “Nosso plano de expansão é estratégico e focado em construir uma operação sustentável. Estamos explorando oportunidades em cidades onde podemos oferecer um diferencial competitivo, seja por meio de taxas mais justas, de um serviço mais personalizado ou de um ecossistema completo de soluções”, destaca.
A seguir, confira os destaques da entrevista exclusiva:
Como foi o processo de desenvolver e lançar a plataforma em 2007, quando os serviços de delivery online ainda eram uma novidade?
Começamos com uma ideia simples: eliminar a necessidade de ligar para o restaurante para fazer um pedido. Em 2007, o delivery online ainda era algo novo no interior do Brasil, mas acreditávamos no potencial da tecnologia. Superamos desafios, como a falta de familiaridade com a internet e a construção de uma logística eficiente, sempre com a cultura ‘mão na massa’ que nos trouxe até aqui.
Como foi a integração do Aiqfome ao Magalu e qual o impacto dessa parceria nos negócios?
A parceria com o Magalu foi um divisor de águas. A força da marca Magalu nos deu visibilidade nacional, algo que não tínhamos antes da aquisição, impulsionando nosso crescimento e consolidando nossa presença no mercado.
Como a integração com o ecossistema Magalu tem ajudado a melhorar as operações e aumentar as vendas?
A integração com o Magalu nos permitiu acessar um ecossistema completo de soluções, desde tecnologia e logística até marketing e vendas. Isso nos ajudou a otimizar nossas operações, reduzir custos e aumentar a eficiência. Além disso, a força da marca Magalu nos abriu portas para novos parceiros e consumidores, impulsionando nosso crescimento.
A integração aconteceu em 2020. Com a venda da foodtech para a varejista, o Aiqfome passou a oferecer outros serviços de entrega, expandindo além do segmento de alimentação para farmácia, mercado e itens de pet shop.
No ano da integração com o Magalu, o Aiqfome registrou um faturamento de R$ 600 milhões e, até 2023, o crescimento no volume de pedidos realizados no aplicativo foi de 53%.
Hoje, o Aiqfome atende mais de 700 cidades e se consolidou como o maior app de delivery do interior do Brasil. O que explica esse sucesso fora das grandes capitais?
Nosso sucesso se deve à busca por um modelo em que nossa equipe seja local, com o mesmo sotaque e cultura da cidade. Construímos um relacionamento próximo com restaurantes e consumidores, oferecendo um serviço personalizado e adaptado à realidade de cada região.
Como planejam competir com empresas como iFood e Rappi, por exemplo, que dominam as capitais? Há planos de expansão para esses centros urbanos no curto prazo?
Nosso plano de expansão é estratégico e focado em construir uma operação sustentável. Estamos explorando oportunidades em cidades onde podemos oferecer um diferencial competitivo, seja por meio de taxas mais justas, de um serviço mais personalizado ou de um ecossistema completo de soluções. Acreditamos que nosso modelo de negócio, focado no interior e nas cidades médias, nos permite construir uma base sólida para competir com os grandes players do mercado.
Como tem se adaptado às diferentes realidades locais em cidades menores? Há customizações específicas para diferentes regiões?
Acreditamos que cada cidade é única; por isso, adaptamos nossa operação para atender às suas necessidades específicas. Utilizamos um modelo de licenciamento no qual somos o licenciador, e o empreendedor local, o licenciado. Essa estratégia nos permite customizar o serviço de acordo com a demanda local. Além disso, investimos em tecnologia para oferecer um app intuitivo e fácil de usar, com opções de pagamento e entrega que se ajustam à realidade de cada cidade.
Como vocês têm apoiado seus parceiros, especialmente em termos de redução de custos e otimização de processos?
Nosso produto para restaurantes, o Geraldo, oferece uma gama de soluções, incluindo um ponto de vendas (PDV) completo para gestão de estoque, comandas, mesas, balcões e até uma ferramenta de delivery próprio, onde o parceiro não paga comissão para nenhuma plataforma.
O mercado de delivery tem evoluído rapidamente, com novos players e tecnologias surgindo a todo momento. Como o Aiqfome se mantém competitivo nesse cenário?
Acreditamos que inovar é questionar-se continuamente e adaptar-se a novas maneiras de resolver as dores de nossos clientes e lojistas. Para isso, cultivamos o hábito de repensar e aprimorar nossos processos de trabalho, utilizando a Inteligência Artificial e ferramentas que aumentam a produtividade, não apenas do nosso time, mas também de quem usa nossos produtos. Um exemplo disso é a leitura de cardápio por imagem, que reduz a fricção do usuário no processo de cadastro de produtos em nossa plataforma.
Quais tendências vocês acreditam que vão moldar o setor de delivery no Brasil nos próximos anos?
O futuro do delivery será cada vez mais personalizado, com foco na experiência do usuário e na oferta de soluções completas, como o D+, nosso programa de fidelidade. Clientes assinantes recebem cupons diários, e sua frequência de compras mensais pode ser até 3,5 vezes maior que a de outros usuários, demonstrando o impacto positivo na retenção e no engajamento. Essa tendência de personalização e fidelização, aliada à integração de outros serviços, moldará o futuro do delivery no Brasil.
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