As incertezas econômicas continuam a afetar o mundo em 2023 e em especial os países em desenvolvimento, o que deve impactar no poder de compra e, consequentemente, no varejo, destaca o economista sênior da Organização das Nações Unidas (ONU) Ingo Pitterle. O economista fez uma análise exclusiva do cenário global para os integrantes da delegação que a Gouvêa Ecosystem levou a Nova York para acompanhar a NRF 2023.
A Mercado&Consumo faz anualmente uma cobertura especial da NRF e desta vez contará, ainda, com um estúdio montado dentro da área expositiva da feira.
Ao longo de sua análise, Pitterle destacou que determinadas incertezas econômicas mundiais no atual cenário são causadas, principalmente, pela alta da inflação. Segundo ele, existe uma divergência entre a realidade e as expectativas que estão sendo criadas neste momento. “Há um sentimento de que a economia está em queda e de uma desaceleração bastante ampla”, ressalta.
Acerca do relatório da ONU, que será divulgado nas próximas semanas, o especialista antecipou que a previsão é de baixo crescimento na América Latina. No caso dos Estados Unidos, o dado será menor ainda. Ele ainda pontua que 2022 pode ser o segundo ano com menor queda de pobreza em 22 anos. “As perdas relacionadas à Covid permanecem em especial nos países mais pobres, devido ao acesso limitado à vacina e menos suportes monetários, além de questões locais”, finaliza
Brasil
O economista da ONU ainda aproveitou o tempo com a delegação brasileira para fazer uma análise exclusiva do país. Logo de cara, ele pontuou que o cenário brasileiro está acima das expectativas, mas também fez um alerta. O Brasil está melhor do que esperávamos, mas ainda deve apresentar desaceleração neste ano.”
Durante sua fala, Pitterle destacou a maneira pela qual um país deve ser analisado. De acordo com o especialista, é necessário fazer análises tendo como base o que ocorre com a população 10% mais pobre. Além disso, precisa ser considerado se esse recorte da população está, de fato, apresentando melhoras. “O Brasil fez progressos nesse sentido e é importante que o setor público não seja o único responsável, mas que o privado também esteja à frente desse tema”, comenta.
Por fim, Ingo pontuou ser difícil não misturar política com economia ao debater o assunto. Entretanto, ele alertou que altos graus de polarização, como no Brasil, podem prejudicar o país, que vive clima de “volatilidade”.
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