Temos um ano ainda bem desafiador, de acordo com o cenário traçado por vários economistas do país. Apesar de termos controlado os casos de covid, a questão é a dívida pública muito alta, o que pode acarretar num índice inflacionário acima do que já temos hoje. Ou seja, teremos menos poder de compra, levando o varejista a ser muito mais eficiente operacionalmente para ter algum lucro.
De acordo com dados da Horus Inteligência de Mercado, o tíquete médio das compras dos brasileiros não teve tanta oscilação em 2022, mas ele fez escolhas e levou menos itens em seu carrinho para equilibrar as contas.
Portanto, para os varejistas, este ano será desafiador. Ele terá de controlar muito bem suas perdas, ter dados para acompanhar o consumo de forma eficiente e, assim, negociar as compras, além de precisar engajar ainda mais seus colaboradores. Nesse contexto, a questão da diversidade entra em pauta. Já foi comprovado por várias pesquisas no mundo que uma equipe mais diversa traz lucro para as empresas. No entanto, sempre entram comentários como “Lá vêm as feministas” ou “Elas não pensam que mulher grávida gera custos para a empresa?”.
Do outro lado, sempre costumo ressaltar que os comentários são contraditórios. Isso porque precisamos gerar cidadãos saudáveis para a sociedade, que serão consumidores; para isso é necessário uma gravidez tranquila, amamentar pelo menos um ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Na ponta do lápis, nós, mulheres, trabalhamos voluntariamente para que o muno gire, mas em nosso dia a dia corporativo sofremos preconceitos, pressão e sempre dizem que mulher dá prejuízo porque engravida.
Gestores precisam normalizar a gravidez de uma vez por todas. Desde que o mundo existe, sabemos que mulheres engravidam. E hoje já comprovamos em muitas áreas que nossa força de trabalho é muito boa! Estive recentemente com um proprietário de uma rede de açougues que colocou mulheres no balcão de atendimento e sentiu melhorias de vendas nos estabelecimentos.
Precisamos agir rápido, pois, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 25% de domicílios no Brasil eram chefiados por mulheres em 1995, mas esse número saltou para 45% em 2018. Ou seja, se continuarmos com o mesmo mindset de não aceitar mulheres, teremos grandes problemas de política pública. A grande questão é que muitos preferem manter o status quo a promover mudanças. O quesito diversidade é imprescindível para a sustentabilidade de uma empresa. Não há outro caminho.
Sandra Takata é presidente do Instituto Mulheres do Varejo.
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