A pandemia acelerou a digitalização do consumidor e, naquele momento, o varejo iniciou uma corrida contra o tempo para se adequar às medidas de uma realidade que surgia quase da noite para o dia. Três anos depois, o canal digital é responsável por uma fatia cada vez maior dos índices de compras, e evolui a cada dia.
O tema foi apresentado durante o TecToy 360º, evento promovido pela empresa de mesmo nome durante a Autocom 2023, maior feira de tecnologia voltada para automação do comércio da América Latina. A feira termina hoje, 30, e é realizada no Expo Center Norte, em São Paulo. Entre os destaques dos estandes e das palestras, estão as principais tendências de tecnologia e canais de venda para o varejo.
Augusto Lins, presidente da Stone Pagamentos, conta que o investimento em tecnologia era deixado em segundo plano, atrás da abertura de novas lojas físicas. Com a chegada da pandemia, a lógica se inverteu. Atualmente, o varejo tem que lidar com condições desfavoráveis para a implementação de novas tecnologias: juros altos, questões políticas e incertezas do cenário internacional. Essa realidade, diz ele, resulta na implementação de soluções de curto prazo.
“Agora o mercado entende o valor dos dados, da segurança e da jornada digital do cliente. Por quê? Porque todos foram obrigados a vender de portas fechadas. Sem um cadastro de dados, como a loja vai se comunicar com o cliente? O investimento em tecnologia é essencial”, enfatiza.
Nova realidade, novo consumidor
Uma nova realidade resulta em um consumidor com novos hábitos, e o atual é digitalizado e exigente. Atuantes nas redes sociais, ele gera e vende conteúdo próprio, consultando também outros iguais a ele, com maior poder de influência – os chamados influencers. Com uma gama diversa de canais de venda e meios de pagamento, escolhe a jornada que mais o agrada, e substitui marcas e canais facilmente quando encontra opções mais vantajosas.
“A maneira como consumimos depois da pandemia mudou, porque a jornada pode começar no WhatsApp e terminar na loja, ou começar na loja e terminar em algum canal digital. A digitalização cresceu porque tivemos que aprender a comprar sem sair de casa e a pagar contas sem ir ao banco. No final de 2020, o Pix foi lançado e digitalizou o País. Hoje em dia, é comum ir em lojas e os atendentes perguntarem se o cartão é ‘de aproximação’, fazendo referência à tecnologia contactless. Ou seja, o mercado vai continuar mudando, porque o consumidor muda o tempo todo”, explica.
Diante dessa realidade, o executivo ressalta a importância de investir em tecnologias capazes de atender os novos perfis de consumidores, e alerta para a urgência de o varejo se digitalizar.
“Se as páginas de compra demorarem mais do que três segundos para abrir, o cliente se irrita e abre a página de um concorrente. Além disso, ele também quer uma jornada personalizada. Se receber um e-mail ou um push de um produto que não tem nada a ver com ele, o descadastramento é certo. O varejo está preparado para tudo isso?”, finaliza.
A Autocom é organizada pela Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços (Afraac) e, pela primeira vez, tem curadoria de gestão e conteúdo da Gouvêa Experience.
Imagem: Gabrielly Mendes