O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, disse que o setor bancário está “desafiado e alerta” aos problemas observados em bancos dos Estados Unidos e da Europa. Ele participou de evento organizado pelo Bradesco BBI na tarde desta terça-feira, 4.
“Neste momento, nós estamos particularmente desafiados e alertas em razão do que estamos vivenciando nos Estados Unidos e na Europa, com os casos recentes dos bancos regionais que quebraram nos Estados Unidos e com o Credit Suisse na Europa. Isso tem colocado um holofote sobre a regulação internacional e tem testado a resiliência do sistema bancário como um todo”, afirmou Sidney.
No caso do Brasil, o presidente da Febrabran destacou que o Banco Central tem agido para diminuir desequilíbrios regulatórios. Durante participação no painel, ao lado do diretor de regulação do BC, Otávio Damaso, Sidney destacou a “excelência da regulação bancária brasileira”, além da supervisão e do monitoramento do BC.
“Nós podemos continuar mostrando ao mundo a capacidade de resiliência do sistema bancário brasileiro em termos de capital, de provisionamento, de liquidez e também de gestão, tanto de ativos, como passivos”, afirmou ele, lembrando que o Índice de Basileia médio do sistema bancário do País supera o mínimo regulatório de Basileia.
O presidente da Febraban destacou que o RoE (Retorno sobre Patrimônio Líquido, na sigla em inglês) do setor é de 15% ao ano. “Não é nenhum pecado termos rentabilidade elevada”, afirmou, lembrando que o setor bancário não está nas primeiras colocações entre os mais rentáveis da economia.
Força dos bancos médios nos EUA
Epicentro da turbulência bancária das últimas semanas, bancos regionais e de médio porte nos Estados Unidos passaram a ter a saúde financeira questionada após dois deles fecharem as portas no país em questão de dias.
Diferentemente do Brasil, onde as instituições financeiras menores são mais de nicho e costumam ter atuação limitada a pequenas e médias empresas, nos EUA esse segmento dá suporte aos pequenos negócios, garante a maior parte do dinheiro para a compra da casa própria e tem em mãos metade dos depósitos dos americanos, dividindo o palco com pesos-pesados de Wall Street como JPMorgan Chase e Citigroup.
Embora sejam chamados de “pequenos”, esses bancos têm escala nacional e, por isso, há preocupação com um efeito dominó no setor e seus impactos para a maior economia do mundo. Nos EUA, esses bancos detêm metade dos depósitos, boa parte não segurada, e presença marcante no crédito, respondendo até por mais de 50% em algumas modalidades de empréstimos. Como comparação, no Brasil os oito maiores conglomerados financeiros têm 80% dos ativos e a maioria dos correntistas pessoas físicas.
Com informações de Estadão Conteúdo (Cícero Cotrim e Matheus Piovesana).
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