As vendas de cimento somaram 30,3 milhões de toneladas de janeiro a junho, o que significa queda de 1,8% nos seis primeiros meses de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022. Os dados são do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). A previsão anual de crescimento para o setor gira em torno de 0% até 1%, refletindo a manutenção de cautela do segmento.
Quanto ao mês de junho, as vendas de cimento atingiram 5,3 milhões de toneladas – alta de 1,3% se comparadas ao mesmo mês do ano anterior. Ao analisar o despacho por dia útil, 2,284 mil toneladas foram comercializadas em junho, aumento de 1,4% ante o mesmo mês de 2022.
Segundo o SNIC, a persistência de uma taxa básica de juros em patamares altos continua dificultando o acesso ao crédito. Além disso, outros fatores, como o elevado nível de endividamento das famílias, a fraca demanda imobiliária, o baixo nível dos estoques de obras e menor quantidade de lançamentos seguem prejudicando o setor.
Perspectivas
Apesar do cenário negativo registrado no primeiro semestre, o presidente do SNIC, Paulo Camillo Penna, avaliou que há indicativos que podem beneficiar o mercado de cimento no segundo semestre.
Penna destacou que os seis meses finais do ano costumam ser marcados por sazonalidade positiva para a construção, em decorrência de um menor volume de chuvas, impulsionando a realização de obras. Outro fator apontado pelo porta-voz diz respeito à projeção de queda na taxa Selic para 12% até o final do ano, o que permite melhores condições de crédito e consumo.
“O desempenho foi abaixo em muitos momentos em função dos juros elevados, mas existem muitas ações acontecendo em termos de expectativa. Se confirmadas, elas podem ajudar o setor a fechar o ano próximo da neutralidade ou com crescimento de 1%”, afirmou Penna.
O reforço ao programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) foi destacado por Penna como um fator que pode impactar positivamente as vendas de cimento. “Temos anunciado pelo governo a expectativa de entregar dois milhões de casas, seriam 500 mil unidades por ano. Não será tarefa fácil, mas, segundo as nossas estimativas, esse número adicionaria cerca de 10 milhões de toneladas nesses quatro anos”, afirmou.
Custos
Quanto aos custos do setor de cimento, Penna afirmou que o preço de maio para o coque de petróleo diminuiu e está em torno de US$ 79 dólares a tonelada. O produto registrou fortes altas nos últimos anos em função do conflito entre Rússia e Ucrânia, bem como a pandemia. O material chegou a ser comercializado na faixa de US$ 130/tonelada em 2021 e encerrou em 2022 próximo de US$ 129.
Apesar da queda nos custos com o coque, o setor foi impactado por alta de 38% nos gastos com a energia elétrica no período acumulado de janeiro até junho ante o mesmo intervalo do ano passado. Os dispêndios com o frete rodoviário também aumentaram 35% na mesma faixa de comparação, segundo Penna.
Com informações de Estadão Conteúdo (Jorge Barbosa)
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