No começo deste ano propusemos o conceito de Metamorfose no Varejo e semanas depois quando buscamos pelo mesmo conceito no ChatGPT ficamos surpresos com a atualidade da informação e a reinterpretação do que havia sido publicado na Mercado&Consumo.
Quero reconhecer que essa que foi minha primeira experiência com o uso da ferramenta, disseminada em novembro do ano passado e que me deixou perplexo por muitos aspectos. Mas isso é tema de um próximo artigo.
Por agora queremos propor a ampliação do conceito para além do que foi feito no primeiro artigo, discutindo e separando de forma mais abrangente duas dimensões para esse processo de metamorfose. Aquela intrínseca, que ocorre no próprio setor e a extrínseca, que é precipitada pelo setor.
Começando por lembrar que o conceito de metamorfose vem do grego metamorphosis e designa transformação de algo ou alguma coisa em outra. E pode também ser aplicado em diferentes campos de conhecimento, como a biologia, a psicologia e até mesmo a análise social e cultural. Em cada contexto, o conceito de metamorfose é usado par descrever processos de mudança, transformação ou transição de um estado para outro.
No que envolve o varejo descrevemos no artigo anterior como o setor evoluiu e se transformou pelo impacto das mudanças ocorridas com o próprio comportamento, desejos, informação e empoderamento do consumidor, na sua vertente mais relevante.
Mas também como a tecnologia e o digital impactaram esse processo permitindo significativos avanços na sua forma de atuar, no plano estratégico e operacional, e envolvendo diferentes categorias de produtos, canais de vendas e relacionamento, formatos de lojas e alternativas de vendas diretas, além de diferentes modelos de negócios.
Esse conjunto compreende o que nominamos a metamorfose intrínseca do varejo.
Em outra dimensão envolve o que o varejo precipita de transformação na sociedade, no mercado e nos hábitos e comportamentos dos próprios consumidores e que estamos propondo conceituar como metamorfose na dimensão extrínseca.
A busca constante de alternativas e propostas do varejo para atender mudanças nos comportamentos, pela evolução da tecnologia e do digital e mais todas os demais aspectos mencionados, leva a um processo de redirecionamento e aceleração de transformações que impacta o todo do mercado e da própria sociedade.
O crescimento da demanda por valor, acelerou dramaticamente a expansão de formatos, canais, produtos, embalagens, marcas e modelos de negócios privilegiando essa alternativa, reorganizando todo o mercado e impactando a indústria fornecedora e os serviços incorporados e integrados aos negócios do varejo.
Da mesma forma que o crescimento do polo ‘conveniência’ na matriz de polarização do varejo, com o tempo dedicado a escolhas e compras, o uso mais intenso do e-commerce e mais o home office, especialmente acelerados durante a crise da pandemia recente, precipitaram mudanças importantes no desempenho de diferentes negócios e na geografia de consumo, reconfigurando o cenário mais amplo de mercado.
Como exemplo a fundamental reconfiguração dos centros comerciais planejados, como os diferentes modelos e conceitos de malls e shopping centers que se viram obrigados a mudar sua oferta de produtos e serviços pela dramática mudança de hábitos envolvendo visitas e frequência de consumidores.
Ou, refraseando, pessoas em busca de experiências, relacionamento, informação, cultura, saúde, educação, serviços e soluções muito mais do que produtos como foi a motivação inicial.
Da mesma forma como o digital e a tecnologia quebraram barreiras espaciais, físicas ou temporais ao aproximar mercados, romper fronteiras e integrar em modo instantâneo setores, aproximando produtores de consumidores em escala global, como acontece com tudo que envolve o Cross Border.
Por essa modalidade pequenos produtores da Ásia podem se conectar a consumidores em cidades no interior do Brasil, África ou Argentina ou qualquer outro destino em poucos dias através de plataformas que contemplam a exposição, venda, pagamento e entrega de forma fluída e com preços altamente competitivos com a realidade local. Quando não beneficiados pela omissão e falta de visão que permite ainda que impostos locais sejam burlados.
Para além do mercado, estratégia, desempenho e resultados de curto prazo, essa visão mais ampla dos cenários em transformação pela metamorfose em suas duas dimensões pode ser o fator decisivo para apostar e privilegiar as alternativas e modelos de atuação que podem contar com o vento a favor ao invés daquelas que têm de lutar com o vento adverso.
Vale refletir.
Nota: Esses novos e importantes elementos que impactam a transformação do varejo e do consumo também serão apresentados e debatidos com 225 palestrantes para os mais diferentes canais, categorias, formatos e modelos de negócios do varejo e do consumo no Latam Retail Show e mais as 10 pesquisas e estudos inéditos que serão apresentados e que têm como tema central “Back to the Future”, de 19 a 21 de setembro, em São Paulo. Conheça mais clicando aqui.
Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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