O banco suíço Julius Baer informou que seu principal executivo pediu demissão da instituição, que está deixando de atuar no segmento de dívida privada, bem como reservando mais de meio bilhão de francos suíços (mais de US$ 580 milhões) supostamente devido à sua exposição à falida gestora de ativos austríaca Signa.
O presidente da instituição, Romeo Lacher, expressou “arrependimento” durante uma apresentação nesta quinta-feira sobre os resultados de 2023 do banco, dizendo que a administração não tinha sido uma “boa gestora da nossa empresa”, mas que os problemas eram um “evento de crédito único” e que outras áreas da empresa estavam tendo um bom desempenho.
O Julius Baer, com sede em Zurique, informou que estava saindo do negócio de crédito privado e que os resultados anuais refletiram perdas de crédito líquidas de 606 milhões de francos suíços (cerca de US$ 702 milhões) – dos quais 586 milhões de francos (US$ 679,75 milhões) incluíam uma provisão para perdas com empréstimos para uma exposição não especificada de dívida privada.
O CEO Philipp Rickenbacher disse, em um comunicado, que ele e o conselho da instituição concordaram que “é do interesse da empresa a sua renúncia” e que as medidas tomadas no negócio de dívida privada “abrem o caminho para avanço e recuperação plena da confiança das partes interessadas”.
O banco informou que o vice-diretor executivo e diretor de operações, Nic Dreckmann, assumirá temporariamente o cargo de diretor executivo até que um sucessor permanente seja encontrado.
Relatos da mídia disseram que os problemas do banco estavam ligados à Signa, mas o Julius Baer não deu detalhes. O banco anunciou, em novembro, a exposição a emissões de dívida privada, consistindo em três empréstimos a diferentes entidades de um “conglomerado europeu” ativo no setor imobiliário comercial e de varejo de luxo.
A Signa Development enfrentou uma série de rebaixamentos de classificação e entrou com processo de insolvência em Viena no final de dezembro. O regulador dos mercados financeiros da Suíça disse, naquele mês, que estava analisando a situação da empresa austríaca.
Os problemas para o Julius Baer surgem num momento em que o banco se beneficiou, em parte, da fuga de alguns antigos clientes do antigo concorrente Credit Suisse, cujo colapso o levou a uma aquisição orquestrada pelo governo pelo rival UBS no ano passado para evitar uma possível crise bancária global.
Com informações de Estadão Conteúdo.
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