O bacalhau, tradicionalmente presente no cardápio dos brasileiros, será substituído por opções de peixe “mais em conta” ou, até mesmo, pela carne vermelha. A decisão, tomada por 58,7% das 1.300 pessoas entrevistadas, constam de um levantamento feito pela Ticket, empresa pioneira em vale-alimentação e refeição no Brasil.
Enquanto apenas 22,1% dos participantes elegeram o bacalhau como prato principal, 29,25% disseram que vão recorrer a um peixe mais barato e 29,45% revelaram que a carne vermelha será a protagonista do cardápio.
Historicamente, o bacalhau é considerado um peixe mais caro por sua pesca complexa e seu processo de salga e secagem. Porém, é importante reforçar que, segundo o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), o peixe acumulou alta de 2,24% entre fevereiro de 2023 e fevereiro de 2024.
Somado a isso, a alta no preço do azeite, de 44,23% no mesmo período se destaca. E, por ser o principal ingrediente no preparo do bacalhau, a alta do produto também pode interferir na escolha do cardápio. Ainda de acordo com a pesquisa, 19,20% não consumirão qualquer tipo de peixe no final de semana.
Fatores climáticos
Para a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), o custo do azeite está 42,8% mais caro que há um ano, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Isso se explica pelas condições climáticas adversas que prejudicaram a colheita nos países produtores da Europa nos últimos meses. No Brasil, o fenômeno El Niño também atrapalhou a produção de itens como batata-inglesa, tomate e alho. A consequência é a elevação de preços em 34,7%, 17,5% e 9%, respectivamente.
O pescado, por sua vez, parte essencial do almoço de Páscoa, subiu 5,2%, enquanto os chocolates em barra e em pó, ao contrário, apontaram quedas relativas em comparação a 2023, considerando que a inflação do período foi de 4,5%.
“Ainda que mais gente esteja empregada, e a renda tenha subido, a pressão dos alimentos tende a dificultar um pouco mais a compra dos ingredientes para os eventos relacionados à data, ou mesmo para o tradicional ovo de chocolate”, pontua Guilherme Dietze, assessor econômico da FecomercioSP.
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