Em alta em diversos meios da arte, como música e moda, as gerações passadas estão influenciando o comportamento das atuais. O movimento crescente no segmento de moda é a tendência Y2K, que está sendo adotada principalmente pela geração Z, trazendo de volta, ainda que com um olhar atual, itens de vestuário, adereços e maquiagens inspirados nos anos 2000.
Os membros da geração Z representam o futuro do consumo, pois estão sempre adotando novas formas de consumir produtos, seja na adoção de novas tecnologias, seja revivendo tendências do passado. Itens como tops de malha, as calças de cintura baixa, gloss labial, sobreposição de camisas e diversas outras peças de moda e vestuário estão sendo trazidos de volta.
Consultora de comunicação de moda e coordenadora de cursos de moda no Istituto Europeo di Design (IED SP), Juliana Lopes conta que, para esta geração, as redes sociais influenciam bastante o comportamento dos jovens. “Essa é a geração que vai inovar. Vai estar nas redes sociais, dividir a imagem do look e compartilhar com outras pessoas. É aí que ela ressurge, porque eles vão sempre buscar uma moda que é considerada um passado, mas não um passado tão recente a ponto de eles estarem enjoando”, aponta.
Juliana também ressalta que a geração Z procura uma moda que reflete sua própria idade e que eles irão revisitar esse estilo, trazendo novas propostas. “Não é a moda dos anos 2000 que está ressurgindo, mas sim a moda dos anos 2000 revisitada.”
A atração dos jovens pela moda dos anos 2000 pode ser explicada, em parte, pela memória afetiva e pela nostalgia. A especialista aponta que essa estética se diferencia bastante das tendências de oversize e minimalismo. Segundo uma pesquisa do Guia dos Melhores, plataforma de avaliação de produtos online, 49,20% das pessoas sentem algum tipo de conexão e consomem produtos de outras épocas, como dos anos 80, 90 e 2000. Outros 35% se sentem nostálgicos em relação à década de 2000.
“Vamos voltar para os anos 2000, com mais exposição do corpo, cintura baixa, calças skinny, e uma maquiagem até mais artificial do que vemos hoje. Eu acredito que a paixão pelo diferente surge quando ficamos muito tempo vendo as mesmas informações de moda. O que as marcas e os consumidores fazem? Buscam em outros períodos informações de moda que foram esquecidas, para renová-las”, comenta Juliana.
Influências da época
Atualmente, influenciadores digitais acumulam milhões de seguidores nas redes sociais e servem de inspiração para uma multidão de jovens. No Brasil, por exemplo, temos a influenciadora e empresária Jade Picon, que possui mais de 22 milhões de seguidores no Instagram; Virginia Fonseca, com mais de 47 milhões de seguidores na mesma rede; e a influencer de moda Malu Borges, que produz diversos vídeos com looks elaborados e conta com mais de 2 milhões de seguidores.
Fora do Brasil, influenciadores somam números ainda maiores.As irmãs Kardashian-Jenner, por exemplo, ultrapassam os 300 milhões de seguidores. Nos anos 2000, além das divas pop, como Britney Spears, Christina Aguilera e Destiny’s Child, as socialites também ditavam tendências, sendo as mais famosas Paris Hilton, Nicole Richie e a atriz Lindsay Lohan.
“A calça skinny, justinha, era muito usada nos anos 2000. Depois de tanto tempo, desde a pandemia, vemos as pessoas só comprando pantalona, calça cargo superlarga, roupa megaoversized. Era esperado que em algum momento as pessoas ficassem cansadas e falassem ‘já usei tanto isso aí. Agora, vou voltar para uma calça justa’. E onde encontramos essa tendência? Nos anos 2000. Na Lindsay Lohan, na Paris Hilton, nesses ícones do início da internet, algo que encanta muito os jovens da geração Z”, explica Juliana.
As famosas ditavam diversas tendências que viraram febre entre os fãs. Desde os conjuntos de moletom usados pela Paris Hilton, as calças de cintura baixa da Britney Spears e as botas usadas em looks por celebridades como Rihanna e Miley Cyrus, até o top usado por diversas famosas da época. Alguns desses itens são revividos hoje pela geração Z.
As estrelas da Disney também não ficavam de fora. Ashley Tisdale, a Sharpay de “High School Musical”, que por si só já é um ícone fashion, até hoje é lembrada por suas combinações excêntricas de peças de vestuário, como os vestidos com calça e o cachecol de plumas.
“Toda tendência é dividida em longo prazo e as curtas. Então, temos as macrotrends, que duram mais tempo e, às vezes, viram clássicas, e as microtrends, que são as modinhas do momento. Eu acredito que como vamos revisitar hoje a moda dos anos 2000, será muito diferente de como os jovens vão fazer daqui a 10 anos”, analisa.
Essas tendências não vieram só dos EUA. Na América Latina, grandes nomes influenciaram o gosto de moda dos jovens, como a cantora colombiana Shakira, com seus cachos loiros e sua barriga à mostra, e a banda mexicana RBD, com as icônicas gravatas vermelhas, as meninas com suas minissaias, os garotos com seus terninhos, e a famosa estrelinha na testa da integrante Anahí.
E o Brasil também faz parte desse cenário. O seriado “Malhação”, da Rede Globo, é um exemplo marcante de como influenciar o gosto de moda dos jovens. Seus personagens, embora tivessem estilos próprios, representavam a maioria dos adolescentes da época, como os integrantes da Vagabanda, na temporada de 2004 do programa.
Com a crescente popularidade do estilo Y2K e de outras tendências, as marcas estão investindo em ações de marketing para atrair o público jovem e engajá-los com produtos que remetem àquela época. Para se conectar com a ressurgente moda dos anos 2000 e a geração Z, a Insider, uma marca brasileira conhecida por seus produtos de vestuário com tecnologia têxtil avançada, tem adotado estratégias de marketing para fortalecer sua presença digital.
Entre as iniciativas da marca estão colaborações com influenciadores, como a jornalista Isabela Boscov, que ficou conhecida pelas gerações mais jovens por suas críticas de filmes e séries, que viralizaram no TikTok e Instagram, atualmente os “berços” da criação e disseminação de tendências. Além disso, com as novas gerações mais engajadas em causas sustentáveis, a Insider também se destaca pela sustentabilidade de suas peças.
“Nosso objetivo é criar um diálogo autêntico com nossos consumidores, refletindo a combinação de estilo, funcionalidade e consciência ambiental que definem a Insider. Investimos em conteúdo engajador nas redes sociais, utilizamos dados para personalizar a experiência do usuário e colaboramos com criadores de conteúdo que compartilham nossos valores de sustentabilidade e inovação”, conta Yuri Gracheno, CEO e co-fundador da Insider.
A marca de óculos Ray-Ban está engajada em atrair novas gerações e por dentro das tendências que surgem, como o Y2K. Direcionada para a geração Z, a marca criou a coleção Gen Z e, após o desempenho positivo, lançou a coleção Pulse, com um olhar específico para esse público e o objetivo de se tornar uma plataforma digital-first, conectando-se com esses novos consumidores que são nativos digitais. Os itens da linha se destacam pelas cores vivas, tanto nas lentes quanto nas armações, além de tamanhos além do convencional.
Assim como a Insider, a Ray-Ban também está atenta à crescente tendência de sustentabilidade dos jovens consumidores, criando peças a partir de materiais sustentáveis como bio-acetato e bio-injetado, além da utilização de poliamida como base para suas lentes e embalagens feitas de materiais eco-friendly.
“Quando falamos de acessórios como óculos de sol, os anos 2000 foram dominados por lentes e armações coloridas. Entender as necessidades e os desejos da nova geração, sem perder sua atemporalidade clássica, é um papel que a Ray-Ban desempenha”, afirma Mariana Pacheco, brand manager da Ray-Ban no Brasil.
Imagens: Montagem Mercado&Consumo e Reprodução