Plataformas asiáticas batem recorde de acessos em 2024

Com quase 400 milhões de visitas, Shopee, Shein e AliExpress representam cerca de 30% dos acessos entre os 10 maiores e-commerces no Brasil

Em meio à muita polêmica pela implementação tributária às compras feitas em aplicativos estrangeiros que atuam no e-commerce brasileiro, três dessas principais marcas asiáticas — Shopee, Shein e AliExpress — somam, mensalmente, cerca 385 milhões de acessos únicos no País. Os dados são do Relatório Setores do E-commerce no Brasil, da Conversion, e confirmam o maior patamar desde o início deste ano.

Os números ainda demonstram como, considerando as dez empresas com mais tráfego no comércio eletrônico do Brasil — que reúnem cerca de 1,34 bilhão de visitas —, a participação dessas três asiáticas no bolo é de praticamente 30%. Juntas, Shopee, AliExpress e Shein superam até mesmo o Mercado Livre, líder de visitação no e-commerce do País e que, somente em junho, registrou 363,1 milhões de acessos.

“É uma demonstração de robustez dessas empresas mesmo diante de uma medida que, a priori, parecia ter potencial de reduzir, em maior ou menor grau, a participação delas no mercado brasileiro”, analisa Diego Ivo, CEO da Conversion.

Ele observa que a nova legislação tributária pode gerar efeitos secundários, já que essas gigantes se estabilizaram em pouco tempo no Brasil, primeiro oferecendo produtos baratos e, já há alguns anos, resolvendo também o antigo problema do frete — cuja demora na entrega atrapalhava o desempenho. Essa percepção já foi corroborada, inclusive, pelas próprias empresas.

“Até porque, para além desses fatores, as marcas asiáticas oferecem muitos itens que ainda não estão disponíveis no nosso varejo. Elas entenderam os desejos de consumo do nosso mercado e passaram a fornecer mercadorias que se adequam a ele. Funcionam como marcas também nesse sentido”, revela Ivo.

Após um intenso debate que durou todo o primeiro semestre, o Executivo definiu que compras de até US$ 50 (R$ 281, na cotação de julho) feitas em apps estrangeiros habilitados no programa “Remessa Conforme” precisarão arcar com uma alíquota de 20% ao entrarem no Brasil, além de outros 17% do ICMS.

Compras acima desse valor terão que pagar uma taxa ainda maior, de 60%, considerando um desconto de US$ 20 estabelecido em meios às tratativas do governo no Congresso. O argumento oficial é de que a medida visa estabelecer uma concorrência mais justa no mercado nacional. As empresas reagiram negativamente em um primeiro momento, mas depois entraram em concordância — e a Shopee chegou a se dizer favorável à taxação.

Nesse período, as marcas calcularam que para o consumidor, aquisições feitas abaixo do teto de US$ 50 vão ficar pelo menos 44% mais caras a partir de agosto. Acima disso, o reajuste no valor final chegará a 92%.

Asiáticas em alta

Apesar do acréscimo nos custos, as três principais marcas asiáticas do relatório da Conversion estão tendo um ano positivo em termos de tráfego. Os dados mostram que a AliExpress, por exemplo, aumentou seu número de visitantes únicos em 6,4% apenas em 2024.

A empresa, que faz parte do conglomerado chinês Alibaba, registrou um volume de 73,4 milhões de acessos únicos em junho, número que foi de 69 mil em janeiro. É, hoje, a sétima plataforma mais visitada do e-commerce brasileiro.

Já a Shein, fundada há mais de uma década na China, voou ainda mais alto, elevando em quase 30% seus acessos no primeiro semestre. Eram 63,1 milhões de visitas em janeiro, enquanto, em junho, esse número chegou a 81,9 milhões.

Mas o maior crescimento foi da Shopee, de Cingapura, que passou de 180,5 milhões de acessos no Brasil em janeiro para incríveis 230,4 milhões no mês passado, desbancando a Amazon Brasil (193,8 milhões), da segunda posição que a gigante norte-americana ocupava há anos. A alta neste período foi de 27,6%.

” Não é um fenômeno de agora. Nós monitoramos o crescimento das marcas asiáticas no varejo brasileiro há vários anos. Não é trivial que elas estejam passando ilesos pela taxação de agora: têm muito potencial de crescimento, seja pelos produtos, pelas campanhas que fazem ou pelos preços que conseguem oferecer”, finaliza o CEO da Conversion.

Com informações de Mercado&Tech.
Imagem: Shutterstock

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