A distribuidora Enel São Paulo, que atua em 24 cidades da Região Metropolitana, informou que 430 mil imóveis seguem sem energia elétrica nesta segunda-feira, no período da tarde. Deste total, 280 mil estão na capital paulista.
A interrupção se iniciou na sexta-feira, 11, quando uma tempestade com ventos de mais de 100 quilômetros por hora atingiram a área.
“Até às 11h, a energia havia sido restabelecida para mais de 1,6 milhão de clientes na Grande São Paulo”, completa em nota emitida nesta segunda-feira à tarde.
A concessionária disse ainda que suas equipes “seguem trabalhando incansavelmente para recompor a rede”, mas não deu um prazo para a conclusão dos serviços. Mais cedo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a empresa tem três dias para resolver casos de maior volume. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) disse que está monitorando o caso.
Moradores reclamavam da demora no restabelecimento e dos prejuízos decorrentes da falta de energia.
Setores prejudicados
A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) comunicou que irá acionar judicialmente a Enel para responsabilizar a concessionária pelos prejuízos causados ao setor pelo apagão, que afetou mais de 2,1 milhões de paulistanos.
A entidade sindical federativa engloba 24 sindicatos patronais, que representam mais de 502 mil estabelecimentos do setor. Destes, 50% estão na região afetada pela interrupção de energia elétrica. Segundo a Fhoresp, a medida legal é necessária, considerando os danos milionários causados aos estabelecimentos gastronômicos.
Devido ao apagão, bares e restaurantes estão impossibilitados de funcionar desde o ocorrido. Os prejuízos ainda devem ser sentidos no fim de semana. Aos sábados e domingos, via de regra, de acordo com a Federação, a movimentação em endereços gastronômicos chega a ser triplicada em comparação com dias úteis.
Este é o segundo apagão de grandes proporções decorrente de temporais que impactam drasticamente os setores de turismo e alimentação no estado bandeirante. Em novembro do ano passado, a falta de energia que atingiu a capital de São Paulo e a região metropolitana provocou um prejuízo de R$ 500 milhões para o setor, de acordo com cálculos da Fhoresp.
“Segundo consta na Imprensa, a Enel não tem prazo certo para restabelecer a distribuição. E quem é que paga o prejuízo dos nossos associados?”, questiona Pinto.
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo (Abrasel SP) também informou que irá mover uma ação contra a Enel, exigindo que a concessionária indenize bares, restaurantes e estabelecimentos similares da capital paulista pelos prejuízos causados pela falta de energia, até o restabelecimento completo dos serviços.
“A falta de energia impossibilita o funcionamento de bares e restaurantes e causa grande prejuízo aos empresários, que envolve perda de insumos, cancelamentos de reservas e eventos, impacta de forma significativa o faturamento, principalmente no fim de semana, que é expressivo. Isso afeta diretamente a saúde econômica dos estabelecimentos, pois há despesas fixas como aluguel, funcionários, entre outros custos. O desgaste é imenso”, comenta Leonel Paim, vice-presidente da Abrasel SP.
Protesto contra falta de energia
Em protesto contra a falta de energia que já dura quase três dias em parte da Grande São Paulo, moradores bloquearam vias públicas da capital e de São Bernardo do Campo, na manhã desta segunda-feira, 14. Na capital, o bloqueio de uma das faixas da Estrada do Campo Limpo, na zona sul, causou atraso em ao menos 18 linhas de ônibus. No município vizinho, os moradores bloquearam as duas pistas da rodovia Caminhos do Mar, antiga Estrada Velha de Santos.
São Paulo e outras cidades da região metropolitana enfrentam problemas com a falta de energia desde sexta-feira, 11, quando um temporal com fortes rajadas de vento atingiu a região. No início da manhã desta segunda, segundo a Enel, 530 mil imóveis continuavam sem o fornecimento de energia elétrica. Só na capital eram cerca de 350 mil e os outros, em São Bernardo do Campo, Taboão da Serra e Cotia.
Não há prazo para o restabelecimento total do serviço. O Ministério de Minas e Energia deu prazo de três dias, contados a partir desta segunda, para que a Enel resolva os problemas de maior volume relacionados ao apagão em São Paulo.
Na zona sul da capital, a manifestação dos moradores era realizada perto do número 4.200 da Estrada do Campo Limpo. Moradores reclamavam da demora no restabelecimento e dos prejuízos decorrentes da falta de energia.
A Secretaria Municipal de Transporte e Mobilidade (SPTrans) informou que o bloqueio à circulação dos ônibus no Campo Limpo durou dez minutos. Com apoio da Polícia Militar (PM), houve negociação e foi liberada uma faixa em cada sentido para a passagem dos coletivos, não tendo sido necessária a mudança de trajeto.
Em São Bernardo, um grupo de moradores se colocou sobre a pista e usou obstáculos para obstruir a antiga Estrada Velha de Santos nos dois sentidos, na altura do Bairro Capelinha. Além dos carros e caminhões, linhas intermunicipais e de ônibus que operam no município foram afetadas. A manifestação prejudicou os motoristas que usavam a estrada para acessar a Via Anchieta.
Conforme a Polícia Militar de São Paulo, os moradores concordaram em manter a manifestação na margem da rodovia e a passagem dos veículos foi liberada.
No fim da tarde deste domingo, 13, um protesto de moradores já havia bloqueado a pista sentido leste/norte do Rodoanel Mário Covas, no bairro Santa Tereza, em São Bernardo. O local foi liberado após negociações com a Polícia Militar.
Sobre as manifestações, a reportagem entrou em contato com a Enel e aguarda retorno. Em seu site, a empresa informa que até a manhã desta segunda, 1,5 milhão de clientes que ingressaram com chamados nos últimos dias tiveram o serviço normalizado. Disse ainda que suas equipes de campo foram reforçadas com pessoal do Rio de Janeiro, Ceará e outras distribuidoras.
Enel tem os próximos 3 dias para resolver problemas
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta segunda-feira, 14, que a Enel Distribuição São Paulo tem três dias, a partir de hoje, para sanar os problemas no serviço de energia elétrica na área de concessão do estado, após o temporal de sexta-feira.
“[Eu] disse que a Enel tem os próximos três dias para resolver problemas de maior volume, ou seja, só vai poder ao final dos três dias, se necessário, questões [problemas] pontuais por fatos supervenientes. Mas tem que restabelecer nos próximos três dias a parte mais substancial de energia”, declarou o ministro em coletiva após reunião sobre “ações de socorro” à região metropolitana de São Paulo.
Uma das deliberações foi ampliar o número de profissionais em campo para atendimento. São atualmente entre 1,3 mil a 1,4 mil pessoas. O número vai ser ampliado para 2,9 mil profissionais. Haverá também um adicional de 200 caminhões além daqueles que a Enel já tem.
Na reunião desta segunda participaram agentes privados representando a Light, CPFL, Energisa, EDP, Neoenergia, Enel, Eletrobras, Isa CTEEP.
Segundo a Enel/SP, além de São Paulo, os municípios mais afetados foram: Diadema, Taboão da Serra, Cotia, São Bernardo do Campo e Santo André. Até o início da manhã, 537 mil clientes permaneciam sem energia.
A diretoria da Aneel vota nesta terça, 15, a abertura de Consulta Pública sobre o Termo Aditivo ao Contrato de Concessão com as 19 concessionárias de distribuição com contratos a vencer entre 2025 e 2031, inclusive a Enel São Paulo.
Com informações de Estadão Conteúdo.
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