Às vésperas de duas das datas mais relevantes para o varejo, como a Black Friday e o Natal, os consumidores paulistanos se mostram menos seguros para consumir, como aponta o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP),que registrou queda de 8,9%, em outubro, quando comparado ao mesmo período do ano passado. O ICC, que registrou 132,8 pontos em 2023, agora está com 121 pontos. No comparativo mensal, a retração foi de 1,8%.
Índice de confiança do consumidor
O indicador, que varia entre 0 e 200 pontos, apontando pessimismo ou otimismo total dos consumidores em relação às condições econômicas atuais e futuras, é composto pelo Índice de Expectativa do Consumidor (IEC) e pelo Índice das Condições Econômicas atuais (ICEA). Todos os componentes do ICC apontaram quedas no comparativo anual.
O principal motivo está no subíndice Expectativa do Consumidor, que apresentou retração de 12% no comparativo anual, registrando 126 pontos. Em comparação a setembro, a retração foi de 1,2%. Já a variável Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) sofreu queda de 3,2% na relação interanual, alcançando 113,4 pontos. No comparativo mensal, a redução foi de 2,8%.
Cautela dos consumidores
Como consequência, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF), índice também produzido pela FecomercioSP, despencou 6,8% em relação ao mesmo mês do ano passado, chegando a 104,8 pontos. Na comparação mensal, o indicador apresentou uma retração de 1,1%, revelando um consumidor mais cauteloso, principalmente entre as famílias de menor renda.
Três componentes do ICF – Nível de Consumo Atual (78,8 pontos), Perspectiva de Consumo (92,7 pontos) e Acesso ao Crédito (95,4 pontos) – estão abaixo dos 100 pontos, apontando pessimismo dos lares paulistanos sobre o consumo, especialmente nos setores que dependem de crédito, como o de bens duráveis.
Considerando as variações anuais, as maiores quedas foram observadas nos componentes: Perspectiva de Consumo (-20,2%), Nível de Consumo Atual (-12,7%) e Perspectiva Profissional (-10,7%). No entanto, dois componentes do ICF apresentaram sinais de melhoria: Renda Atual (5%) e Emprego Atual (1,4%).
Segundo a FecomercioSP, os dados refletem uma transição do cenário econômico que contrasta com o otimismo observado no período pós-pandemia, marcado pela recuperação econômica e por estímulos fiscais. Além disso, o aumento da Selic e o encarecimento do crédito têm enfraquecido o consumo, em especial entre as famílias menos abastadas.
Essa queda é um sinal de alerta para os empresários, já que as pessoas estão cada vez mais cautelosas quanto ao futuro, o que pode resultar na necessidade de mais promoções e liquidações, indicando também que os empreendedores precisam ter mais cuidado com a gestão de estoques para evitar excessos que comprometam a margem de lucro.
Mesmo com a inflação e o nível de desemprego controlados, além das expectativas do consumo desse período (com a Black Friday e o Natal), há uma queda da confiança dos consumidores em decorrência da incerteza acerca do cenário econômico, inclusive de possíveis ajustes na política monetária.
Metodologia
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: Emprego Atual; Perspectiva Profissional; Renda Atual; Acesso ao Crédito; Nível de Consumo; Perspectiva de Consumo e Momento para Duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, no qual abaixo de cem pontos é considerado insatisfatório, e acima de cem pontos, satisfatório.
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) também é apurado mensalmente pela FecomercioSP, mas desde 1994. Os dados são coletados com aproximadamente 2,1 mil consumidores no município de São Paulo.Os dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total).
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