Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, executivas dos setores de varejo, consumo, comércio e marketing contam à Mercado&Consumo os principais desafios que enfrentaram e ainda enfrentam no dia dia, seja no escritório, seja na vida pessoal. Dividem, também, as soluções que elas encontraram para fazer uma gestão eficiente.
Fabiana Manfredi, CEO da Impulso, divisão de Retail Media da RD Saúde
“Acredito que a liderança feminina contribui e muito para inovação, transformação, entrega de resultados, além de colaborar para a cultura das empresas. Porém, nos dias de hoje, o papel da mulher ainda precisa ser lembrado na sociedade. Sonho com quando este tema deixará de ser pauta para ser uma realidade concreta. Para que eu chegasse a um cargo de liderança, muitos desafios foram superados, ainda mais sendo mulher. No passado, eram poucas mulheres em posições de liderança, estratégicas ou de destaque. Por isso, sempre tive que me posicionar, me provar, entregar além para ter protagonismo. Liderar tem muito a ver com vivências pessoais, referências, valores e conexão com desafio e propósitos de vida ou carreira. Meu estilo de liderança hoje, com certeza, foi moldado por quem sou como pessoa, filha, mãe e esposa e também pela minha carreira, experiências e todos os pedacinhos de minha formação profissional.”
Andrea Kohlrausch, presidente da Calçados Bibi
“Para dar conta dos deveres de ser presidente de uma empresa com mais de 1.100 colaboradores e uma rede de franquias com mais de 150 lojas no Brasil e na América Latina, tive que desenvolver uma rede de apoio e, ao longo do tempo, aprendi a descentralizar algumas tarefas. Com dois filhos, foi necessário administrar a agenda deles à distância, devido aos compromissos profissionais e, dessa forma, otimizar meu tempo de forma mais eficiente. Sempre gostei de esportes, mas vivi fases de sedentarismo. Hoje, acordo às 05h15 para me priorizar e ter uma vida mais ativa e saudável. Enquanto todos dormem, já estou iniciando as atividades físicas para estar bem, desenvolver a agenda profissional e ter um tempo de qualidade com minha família.”
Bruna Vasconi, sócia-fundadora do Peça Rara Brechó
“Dentre os principais desafios de ser mulher, mãe de quatro filhos, esposa e empresária no comando de uma grande operação, um deles é a gestão de tempo. Em alguns momentos, você é cobrada e questionada. Por outro lado, vem a satisfação de manter uma cultura sólida e o acompanhamento constante para manter a consistência que a marca requer, com tantas unidades espalhadas pelo País, diferentes franqueados ou gestores e as peculiaridades regionais.”
Cecília Russo Troiano, CEO da Troiano Branding
“Temos bons motivos para celebrar este momento e outros tantos motivos para lutar pelo que ainda está por vir. Liderar empresas nesse momento gera, assim, por um lado, muito orgulho e, por outro, uma enorme responsabilidade em inspirar equipes em busca de um futuro mais equilibrado para todos. Além disso, cada vez mais acredito na integração e colaboração e isso é muito próprio do feminino. Como disse Gilberto Gil em sua canção, ‘um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria, que o mundo masculino tudo me daria, do que eu quisesse ser’. E ainda, seja pela minha própria vivência, seja pelo que acompanho em pesquisas que faço, o desafio de equilibrar vida pessoal e vida profissional ainda é gigante e cobra um preço alto de todas nós.”
Cecília Rapassi, CEO da Gouvêa Fashion Business
“Ser uma líder feminina ainda é um ato de coragem. Não pela falta de capacidade, mas pelos desafios invisíveis que enfrentamos todos os dias – desde as barreiras culturais até as próprias condições hormonais e biológicas que impactam nosso ritmo, mas não nossa competência. Liderar é abrir caminhos, não só para nós, mas para tantas outras que virão. É sobre ocupar espaços com autenticidade e transformar desafios em novas possibilidades.”
Denise Porto Hruby, CEO do IAB Brasil
“Ser uma mulher no comando de uma empresa, ainda nos dias de hoje, significa enfrentar desafios constantes e ter que lidar com barreiras invisíveis, como a falta de representatividade em altos cargos e redes de influência dominadas por homens. O equilíbrio entre vida pessoal e profissional também é uma cobrança maior sobre nós, algo que raramente recai da mesma forma sobre os homens. No entanto, vejo um cenário em transformação: cada vez mais empresas estão reconhecendo o valor da diversidade e investindo em lideranças femininas. Ainda há muito a ser feito, mas estamos avançando, abrindo caminhos para que mais mulheres cheguem ao topo sem precisar enfrentar as mesmas barreiras que muitas enfrentaram.”
Cristina Souza, CEO da Gouvêa Foodservice
“As palavras que definem a liderança feminina para mim são: conciliação, construção, aprendizagem e transformação. Enquanto substantivos, os assumimos como atitudes, quando verbos, os conjugamos e praticamos incansavelmente. Creio que o grande desafio da liderança feminina é ainda termos de ser incansáveis. Precisamos de que as pessoas que compõem nossos círculos (profissionais, pessoais, sociais, etc) entendam que o que buscamos é a composição. Só assim, juntos, avançaremos na direção de uma nova sociedade. O desnivelamento ainda é grande, então, ainda não podemos descansar. Vamos em frente!”
Paula Vargas, Diretora de Marketing da Open English no Brasil
“Promover ambientes profissionais com equidade de gênero é um desafio, principalmente em cargos de gestão, para a maioria das empresas no Brasil e no mundo. Mas na Open English, que atua no Brasil e em mais de 10 países, temos uma distribuição equilibrada entre homens e mulheres, com algumas exceções que chamam a atenção: na Turquia, as mulheres representam 60% dos membros da equipe, no Vietnã são 70% e nos Estados Unidos, 80%. Além disso, a liderança global conta com 47% de mulheres, o que reforça nosso protagonismo feminino no mercado.”
Luciana Melo, CEO e fundadora do Café Cultura
“Vejo que mulheres líderes costumam equilibrar resultado e propósito, criando ambientes mais inclusivos e times mais engajados. No Café Cultura, essa visão tem sido fundamental para a expansão da marca, pois a liderança baseada em valores, inovação e relacionamento tem sido um diferencial competitivo. Quanto mais mulheres ocupam posições estratégicas, mais abrimos caminho para que novas gerações tenham exemplos concretos de que é possível liderar e transformar mercados. Um desafio constante é a necessidade de provar competência em ambientes ainda predominantemente masculinos. Para vencer isso, sempre acreditei que resultado, consistência e inovação falam mais alto. Quando você entrega um trabalho bem-feito, supera expectativas e gera impacto positivo, as barreiras começam a cair. Além disso, o apoio de uma rede de mentoria e networking foi essencial. Trocar experiências com outras empreendedoras e líderes me ajudou a enxergar novos caminhos e fortalecer minha atuação. O aprendizado contínuo e a capacidade de se reinventar são, sem dúvida, os maiores aliados para vencer desafios e continuar crescendo.”
Marina Pires, diretora-geral da Monks no Brasil
“Se tornar uma líder mulher envolve desafios únicos que variam conforme os contextos culturais, mas há algo em comum para todas: o caminho até posições de liderança tende a ser mais árduo. A liderança não se resume a ocupar cargos mais altos, mas, para as mulheres, essa jornada exige enfrentar obstáculos particulares. Em um momento de extrema incerteza, com retrocessos em pautas essenciais de diversidade de gênero, o maior desafio talvez seja justamente não recuar. Garantir que as conquistas das últimas décadas não sejam desfeitas exige resiliência, persistência e a capacidade de continuar avançando, mesmo diante das dificuldades. Embora qualidades como empatia, colaboração e visão estratégica sejam frequentemente associadas ao feminino, elas não pertencem exclusivamente às mulheres—e tampouco significam abrir mão da assertividade e objetividade. Os dados mostram que mulheres líderes são tão eficazes quanto seus colegas homens, e o mercado tem reconhecido cada vez mais essa realidade. Em um cenário de transformação acelerada, há uma necessidade urgente de incorporar uma visão mais feminina no mundo do trabalho, seja na forma como tratamos as pessoas ou nos resultados que entregamos. Essa mudança, no entanto, não depende apenas das mulheres, mas de todos que desejam ambientes mais equilibrados e sustentáveis.”
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