A opção de compra online com retirada em loja física é um modelo omnichannel que vem dando bons resultados na Rússia. Segundo dados da Ecommerce Foundation, 72% dos russos que compram online retiram as mercadorias em uma loja física. Entre outros fatores, a força dos pontos de retiradas no país se dá pelas falhas recorrentes no sistema tradicional dos correios – que registra 6% de perda de mercado ao ano – além da preferência de 58% dos consumidores por garantir a entrega e qualidade do produto, pagando em dinheiro no ato da entrega.
Essa “preferência” tem um quê de “desconfiança”: apenas metade dos russos compraram online em 2016 e, na dúvida, boa parte deles prefere pagar só com o produto na mão. Para efeito de comparação, no Brasil, 89% da população compra pela internet, mesmo sem a opção de pagar em dinheiro na retirada da loja física.
Mas apesar do alto volume de compras pela internet e do alto grau de insatisfação com os problemas de entrega dos Correios, o modelo de pontos de retirada é relativamente novo Brasil. A boa notícia é que essa alternativa está crescendo em ritmo acelerado. Grandes redes estão investindo no modelo de como alternativa de entrega e diferencial para o cliente. Por aqui, 20% das empresas que contam com e-commerce e loja física já oferecem retirada na loja física.
Um exemplo é a Pegaki, empresa de pontos de retirada que realiza parceria com estabelecimentos para que eles se tornem ponto de coleta. A empresa já conta com mais de 200 pontos ativos e mais de mil em fase final de aprovação em São Paulo e Rio de Janeiro e está expandindo para Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá e Curitiba. Empresas como Dafiti, Accor Hotels, Carrefour e 5asec já aderiam ao modelo. Na prática, a solução funciona da seguinte forma: o consumidor compra pelo e-commerce e, ao invés de esperar encomendas pelo correio, pode retirá-la pessoalmente nos pontos de venda.
De acordo com o CEO e fundador da Pegaki, João Cristofolini, a demanda pela solução está altíssima, nas três pontas: consumidores, e-commerces e pontos de venda. “Comparado à Rússia, o Brasil ainda vem muito atrás quando o assunto é ponto de retirada. Porém, se compararmos o Brasil de 2016 com o Brasil de 2018 vamos notar um crescimento bastante agudo nos últimos anos e a tendência é crescimento exponencial. Logística é um gap para todas as partes envolvidas”, avaliou.
“Por uma questão logística, nosso primeiro alvo é o e-commerce. Ele precisa saber que temos uma solução para ele. Em seguida, o conectamos com os pontos de retirada, para os quais são oferecidos um pacote de benefícios e total segurança. Aí temos condição de atender o consumidor, que é o objetivo final da operação. Essa é uma solução simples, bem mais eficiente e que vem agradando todos os agentes envolvidos, não só aqui, mas ao redor do mundo. Diante disso, a perspectiva é de crescimento exponencial, sem dúvida”, afirmou.
Alguns indicadores revelam o tamanho desse mercado. Além da Rússia, outros países já registram índices relevantes acerca do modelo de pontos de retirada. Só em 2017, Europa, EUA e China somaram cerca de 40 mil pontos de retirada, média de 300 mil pacotes por dia, o que equivale à 40% de todas as compras online. “Tratam-se de números absolutamente significativos e que revelam a tendência irreversível do modelo agora proposto no Brasil pela Pegaki”, falou Cristofolini.
Para o e-commerce, o modelo é vantajoso pois resolve seu problema de entrega, e, para o consumidor, que ganha uma forma mais conveniente de buscar seu produto. Mas quais são as vantagens para os pontos de venda, que ficarão responsáveis pelo armazenamento dos produtos?
“Dois pontos são muito levantados pelos lojistas: segurança e logística. Primeiramente, todas as encomendas são seguradas, o ponto de venda está absolutamente protegido. Além disso, é a Pegaki conta com uma rede de transportadoras parceiras que enviam o produto até o estabelecimento escolhido e avisa o cliente assim que a mercadoria chegar”, esclareceu João.
Acerca das vantagens, o executivo informa que, em média, 30% dos clientes que passam no ponto para retirar suas encomendas, acabam comprando algum produto na loja. Além disso, a empresa recebe R$ 0,50 por cada entrega recebida. “A Pegaki rentabiliza um espaço físico ocioso e leva novos potenciais clientes para dentro da loja todo mês. Certamente é uma alternativa inteligente não só para o e-commerce e o consumidor, como também para o ponto de venda”, concluiu.
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