São quatro histórias empresariais parecidas em sua proposta estratégica e motivação, porém com finais bastante diferentes, sobre os quais cabem muitas reflexões.
A iminente transferência do controle da Máquina de Venda para o fundo Starboard/Apollo marca o fim de uma delas.
A Máquina de Venda é a terceira maior varejista de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, atrás da Via Varejo, empresa composta por Casas Bahia e Ponto Frio. A empresa foi fundada em 2010, como resultado da fusão das empresas varejistas Insinuante e da Ricardo Eletro, ampliada posteriormente através de aquisições das redes City Lar (aquirida em junho de 2010), Eletro Shopping (em junho de 2011) e Salfer (comprada em abril de 2012), para tornar-se um dos maiores grupos atuando nesse competitivo setor.
Outra história dessa sequência, agora no setor de hiper e supermercados, teve também um marco importante nesse início de agosto, quando o fundo Advent assumiu o controle das operações do Walmart no Brasil, que opera nove diferentes marcas e negócios, incluindo Bompreço, Nacional, Hiper e Mercadorama, resultado de um processo de expansão orgânica e agressiva estratégia de expansão por incorporação de negócios regionais.
Em outro setor, uma outra história terá uma etapa importante agora em outubro, quando a gestão das operações combinadas da IMC e da Sapore será assumida pela Sapore. A IMC – International Meal Company é controlada pelo Advent, que criou a empresa em 2006 para atuar no setor de foodservice e expandiu rapidamente o negócio na América Latina, com forte atuação no Brasil, onde adquiriu RA Catering, Viena, Brunella, Wraps e o Frango Assado, além de trazer as operações da Red Lobster e Olive Garden.
Em outra direção, totalmente diferente pelos recentes excepcionais resultados financeiros e de desempenho, é importante lembrar que o Magazine Luiza, também teve um momento de forte crescimento pela combinação da expansão orgânica com aquisições.
Entre 2003 e 2011, a empresa adquiriu a Casas Felipe no Paraná, Lojas Arno, Kilar, Base e Madol no sul do país, Maia no Nordeste e as operações das lojas do Baú da Felicidade no sudeste.
Onde mora o pecado
Não existe possibilidade de uma avaliação superficial das potenciais causas das diferenças de desempenho entre os diversos negócios. Até porque outros poderiam ser acrescentados a essa lista, com diferentes resultados, alguns positivos e outros negativos.
Mas merece atenção algumas diferenças importantes entre eles, sinalizadas pela maior ou menor integração de negócios após a incorporação. Na história do setor, muitos outros casos poderiam ser lembrados envolvendo empresas como Arapuã, Pão de Açúcar, Carrefour e outros, para ficarmos apenas no Brasil.
Mas nos casos recentes de IMC, Máquina de Vendas e Walmart, ligados pela proximidade temporal de uma definição, essa integração foi muito menor e muito mais demorada, quando comparada com aquela praticada pelo Magazine Luiza em sua expansão.
Sem dúvida, é apenas um elemento de comparação entre todos esses casos, mas, sintomaticamente, os movimentos recentes envolvendo esses quatro grupos com operações no varejo no país parece sinalizar que o tema integração rápida e integral pode ser fator crítico de sucesso nas expansões baseadas em fusões e aquisições.
Como a continuidade do processo de consolidação de mercado no varejo é uma das tendências, global e local, sobre as quais não existe dúvidas, a junção dessas quatro histórias e seus resultados, neste momento, é um ponto importante de reflexão para ser levado em conta.
Nota:
Entre os dias 28 e 29 de agosto, no Latam Retail Show, no Center Norte, em São Paulo, serão apresentadas as perspectivas de curto, médio e longo prazo, que irão impactar o mercado no Brasil, na América Latina e no mundo, e mostradas as principais tendências envolvendo o setor de varejo, pela visão e contribuições de mais de 160 palestrantes e debatedores, líderes que inspiram líderes, em diversos painéis.
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