Durante a Conferência Our Ocean, realizada em Bali, a Nestlé e a rede supermercadista Tesco aderiram à Iniciativa Global Ghost Gear (GGGI). A GGGI foi estabelecida em 2015 pela Proteção Animal Mundial (World Animal Protection) com o objetivo de minimizar o impacto causado mundialmente pelas 640 mil toneladas de equipamentos de pesca perdidos ou abandonados todos os anos nos oceanos, que provocam a pesca fantasma.
“São grandes parcerias como essa que nos ajudam a chegar próximo do nosso objetivo: coibir a prática de pesca fantasma. Só vamos conseguir preservar importantes espécies marinhas e limpar nossos oceanos com engajamento intersetorial”, declarou João Almeida, gerente de vida silvestre da Proteção Animal Mundial Brasil.
Estima-se que entre 5 e 30% do declínio de algumas espécies marinhas podem ser atribuídos a esse fenômeno. Espécies importantes da fauna brasileira, como baleia-jubarte, baleia franca austral, golfinhos e tartarugas são capturadas de forma fantasma. Algumas redes abandonadas são maiores que campos de futebol. 80% das mortes de tartarugas marinhas no Brasil, por exemplo, são ocasionadas por essa fatalidade. Os animais sofrem com uma morte prolongada e dolorosa, geralmente ocasionada por sufocamento ou fome. Sete em cada dez (71%) animais capturados por esses equipamentos acabam morrendo nos oceanos.
Além do intenso sofrimento animal, estes equipamentos fantasmas geram alto impacto ambiental pela demora em sua decomposição, de até 600 anos – no geral são feitos de plástico –, agravando a poluição nos oceanos. “Outro ponto crítico, que deve ser alertado, é relacionado à decomposição das redes, pois estas transformam-se em microplásticos e podem entrar na alimentação das pessoas por meio do consumo de peixes”, explicou João Almeida.
Durante a Conferência, o GGGI anunciou uma série de compromissos para proteger os animais marinhos dos equipamentos fantasmas, como o apoio a 30 projetos que monitoram equipamentos fantasmas em 15 países até 2025, dobrar o compromisso financeiro de seus membros, apoiando organizações e governos com US$ 2 milhões em 2019. A verba visa garantir a ampliação efetiva de projetos destinados a monitorar e prevenir o problema de equipamentos fantasmas, especialmente em países em desenvolvimento.
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