Após estabilidade em outubro, o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) subiu 2,1% na comparação mensal, passando de 87,5 pontos em outubro para 89,3 pontos em novembro. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve um avanço de 8,2%, quando o índice marcava 82,6 pontos.
O ICF é apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e varia de zero a 200 pontos, sendo que abaixo de 100 pontos significa insatisfação, e acima de 100, satisfação em relação às condições de consumo.
Dos sete itens analisados, cinco obtiveram aumento e dois se mantiveram estáveis. O item Perspectiva de consumo foi o que registrou a maior elevação (4,4%), passando de 88,8 pontos em outubro para 92,7 pontos em novembro. Mesmo com o bom resultado, o índice ainda está abaixo dos 100 pontos, ou seja, no grau de insatisfação, uma vez que 38% ainda dizem que sua família e a população em geral tendem a consumir menos nos próximos meses. Há um ano, esse porcentual era de 42%.
De acordo com a Federação, os paulistanos estão menos otimistas quanto ao presente. O item Nível de consumo atual avançou 2,4% em relação a outubro e atingiu os 60,4 pontos em novembro, ante os 59 pontos de outubro, mantendo um patamar de alta insatisfação. Contudo, na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve crescimento de 13,7%.
O item Acesso a crédito passou por uma leve recuperação, após sete quedas consecutivas. Em novembro, o índice obteve alta de 4,2%, passando de 84,7 pontos em outubro para 88,2 pontos em novembro. Em relação ao mesmo mês de 2017, a alta foi de 10,3%, mas ainda não conseguiu voltar ao patamar anterior a esse ciclo negativo: 94 pontos, em março de 2018.
O item Momento para duráveis passou de 56,6 pontos em outubro para 58,4 pontos em novembro, alta de 3,2%. De acordo com a FecomercioSP, além de ser o item com pior avaliação do ICF no mês, foi também o que menos evoluiu em relação a novembro do ano passado (2,4%). Ou seja, ainda há uma maioria considerável (68,1%) que avalia como um mau momento para compras desses gênero de produtos.
Os itens que conseguiram uma variação maior estão ligados ao futuro, e essa visão mais positiva em relação ao mercado de trabalho está dando sustentação a esse crescimento. O item Perspectiva profissional subiu 1,8%, passando de 115,5 pontos em outubro para 117,6 pontos em novembro, o patamar mais elevado desde março de 2015. Dos entrevistados, 55% acreditam que o responsável pelo domicílio terá alguma melhora profissional nos próximos seis meses – 5,5 pontos porcentuais a mais do que há um ano.
Os paulistanos também estão satisfeitos com as posições profissionais no momento. O item Emprego atual ficou tecnicamente estável em novembro e se manteve com 110 pontos. Ou seja, a maioria diz que está mais segura no seu emprego em relação ao ano passado. Outro item que ficou tecnicamente estável foi o Renda atual, permanecendo nos 97,8 pontos em novembro.
Faixa de renda
Na análise por faixa de renda, quem mais cresceu foi o grupo com renda superior a dez salários mínimos (SM), alta de 2,9%, ao passar de 92,5 pontos em outubro para 95,2 pontos em novembro, com forte influencia dos itens atrelados às perspectivas. Já no grupo com renda abaixo dos dez SM, a alta foi de 1,7% e se posicionou nos 87,3 pontos em novembro, ante 85,8 pontos em outubro. Contudo, quem mais evoluiu na comparação anual foi o grupo com renda mais baixa, 8,7% contra 6,7%.
A FecomercioSP avalia que houve uma melhora no ânimo do consumidor após as eleições. A tendência de curto prazo é positiva, mas essa euforia inicial deve que ser contida, porque os problemas estruturais ainda não foram solucionados. O principal deles é a Reforma da Previdência, que, caso demore, levará a um colapso nas contas públicas, afastando investimentos e, por consequência, não gerando os empregos esperados.
Ainda de acordo com a Federação, o aumento do ICF nos últimos meses ainda foi muito pequeno e não recuperou o que se perdeu no período da greve dos caminhoneiros. Entretanto, o patamar atual superior ao ano passado foi o suficiente para gerar um aumento de vendas no varejo na capital paulista em relação ao ano passado. Portanto, só com a melhora significativa do mercado de trabalho o indicador pode atingir um patamar mais elevado e o varejo conseguirá ultrapassar o ritmo de vendas do período pré-crise, em 2013, e evoluir para novos recordes.
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