Temos observado que há fortes barreiras para o crescimento do Varejo brasileiro, sendo que as principais delas são a baixa confiança do consumidor, a desaceleração do crescimento da renda disponível para o consumo e a manutenção do rigor na concessão do crédito.
A grande força dessas barreiras mencionadas acima e a falta de sinais positivos fortes o suficiente para reverter este quadro curto prazo devem criar um cenário com baixo crescimento no Varejo brasileiro no segundo semestre de 2014.
Confiança do Consumidor
O índice de confiança do consumidor de junho de 2014, apurado pela FGV, apontou que o consumidor continua pouco confiante acerca do futuro econômico e político do país. Pelo 17º mês consecutivo o índice ficou abaixo da média histórica.
A baixa confiança está presente não só no consumidor, como também na Indústria, no Varejo e nos Pequenos e Médios Empresários, conforme apontam os índices.
Renda disponível para o consumo
A renda disponível para o consumo vem sofrendo desaceleração, pressionada pela forte inflação e pela menor geração de empregos.
A inflação continua minando o poder de consumo e confiança do consumidor, apesar da desaceleração nos últimos meses, a forte sequência de altas continua pesando no bolso do consumidor.
Em junho, a inflação acumulada de 12 meses ultrapassou o teto da meta ficando em 6,52% e espera-se que inflação acumulada de julho e agosto de 2014 sejam ainda maiores, pois o IPCA destes meses em 2013 foi relativamente baixo.
Os números do mercado de trabalho ainda mostram níveis satisfatórios de ocupação da população (medidos através da PME/IGBE e da PNAC Contínua do IBGE), por outro lado, há claros sinais de desaceleração desse mercado, principalmente na geração de empregos formais medido pelo Caged.
Crédito e Inadimplência
No mercado de crédito, observa-se um rigor maior na concessão do crédito, principalmente nos bancos privados, e a taxa de juros ao consumidor final encerrou maio de 2014 com taxa média de 27,9% ao ano, maior valor desde julho de 2011.
Quanto à inadimplência, os números do Banco Central apontam uma leve alta nas dívidas não pagas acima de 90 dias da pessoa física, mas o índice ainda apresenta forte queda quando comparado com os números de 2013.
Por outro lado, diversas associações regionais, empresas de proteção ao crédito e pesquisas com o consumidor vêm sinalizando um aumento na inadimplência, o que levanta um ponto de atenção que deve ser monitorado.
Por Eduardo Yamashita (eduardo.yamashita@gsmd.com.br), diretor do Núcleo de Estudos e Projeções Econômicas da GS&MD – Gouvêa de Souza.