O e-commerce de vestuário e artigos esportivos Netshoes terá um novo dono. O Magazine Luiza e a B2W (empresa proprietária do Submarino, Shoptime e Americanas.com) estariam na disputa. A Netshoes, fundada há 19 anos pelo empresário Marcio Kumruian, tem valor estimado hoje em cerca de US$ 73 milhões, muito abaixo dos US$ 558,5 milhões de dois anos atrás, quando abriu capital na bolsa de Nova York.
O novo dono da empresa terá de assumir dívidas de US$ 37 milhões, cerca de R$ 140 milhões. Este valor não é muito significativo para gigantes como o Magazine Luiza e a B2W. O primeiro teve faturamento de R$ 19,7 bilhões em 2018, somando lojas físicas, comércio eletrônico e marketplace. Já a B2W faturou US$ 1,6 bilhão, cerca de R$ 6 bilhões. “O Magazine Luiza poderia aproveitar a oportunidade para entrar no negócio de vestuário e calçados, seguindo os passos da Amazon no Brasil”, afirmaram os analistas da corretora Brasil Plural, em nota de análise de mercado
A B2W confirma a negociação, mas afirma que ainda não há uma oferta definida. “Não há, até o momento, qualquer decisão da companhia sobre uma eventual aquisição de ações, tampouco qualquer documento vinculante”, informou a empresa em resposta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Até hoje, a Netshoes não foi lucrativa e necessitaria uma reestruturação em seu modelo para se tornar viável. A companhia é alvo de desconfiança dos investidores, pois quando seu capital foi aberto nos Estados Unidos, em 2017, suas ações valiam US$ 14,50 e hoje valem US$ 2. Seus papeis chegaram a subir, atingindo US$ 24,50. Mas seus balanços são desanimadores. A empresa acumulou prejuízos líquidos de quase R$ 300 milhões entre os anos de 2014 e 2017. Os resultados dos três primeiros trimestres do ano passado sinalizaram aceleração das perdas. No terceiro trimestre, o prejuízo quase triplicou, embora tenha contabilizado um crescimento de 18,2% no número de clientes no período de 12 meses, terminado em setembro, o faturamento líquido da companhia caiu 3,2%, chegando a R$ 417,8 milhões.
A fim de mudar este cenário, a Netshoes vendeu sua operação no México em 2018, além de ter encerrado o negócio B2B (venda para empresas), focando totalmente na venda para o consumidor, o B2C.
A empresa tem destaque na comercialização de produtos esportivos, mas continua tendo relevância apenas no Brasil, não conseguindo deslanchar em outros países, como México e Argentina. O e-commerce também não conquistou espaço na venda de vitaminas e suplementos.
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