O setor atacadista e distribuidor faturou R$ 261,8 bilhões em 2018, de acordo com dados do Ranking ABAD/Nielsen 2019 – ano base 2018, realizada pela ABAD – Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores em parceria com a Nielsen. O segmento movimentou 53,6% do mercado mercearil brasileiro, que no ano passado atingiu R$ 488,7 bilhões. A participação de mercado manteve-se estável em relação ao Ranking anterior e permanece superior a 50% pelo 15º ano consecutivo. As 666 empresas que neste ano responderam ao questionário do Ranking somam um faturamento de 88 bilhões de reais (110 bilhões a preço de varejo), compondo uma amostra que equivale a 42% do faturamento do setor.
O crescimento do setor, em faturamento, foi de 0,8% nominal em relação a 2017. Já o dado deflacionado, isto é, considerando a inflação oficial de 2018 (IPCA de 3,75%), mostra uma retração de 2,95%.
Para o professor Nelson Barrizzelli, coordenador de projetos da FIA – Fundação Instituto de Administração e responsável pelas análises do Ranking ABAD/Nielsen, esse resultado se deve a fatores que influenciaram todo o desempenho da economia em 2018, como a greve dos caminhoneiros, no primeiro semestre, e a turbulência política trazida pelas eleições de outubro. “O país tinha uma expectativa de crescimento bem maior, que acabou não se concretizando, levando a uma evolução de pouco mais de 1% no PIB”, disse Barrizzelli. Sendo o desempenho do setor fortemente vinculado ao aumento do emprego e à disponibilidade de renda, seu crescimento deverá acompanhar o PIB e poderá apresentar resultados bem mais robustos neste ano.
Para Emerson Destro, presidente da ABAD, depois de duas quedas consecutivas do PIB, em 2015 e 2016, os resultados modestos de 2017 e 2018 têm o aspecto positivo de mostrar que a economia parou de andar para trás e começa a reagir, ainda que timidamente. “Embora nossas expectativas de crescimento não tenham se realizado em 2018, nós acreditamos que 2019 trará um cenário mais favorável que impulsione a retomada econômica. Se o governo conseguir dar andamento às medidas mais urgentes para o país, como a nova previdência e a reforma tributária, certamente a resposta dos investidores e setores produtivos não tardará. Nesse caso, com o retorno dos investimentos e aumento da renda, será possível pensar em um crescimento para o setor de até 2% no ano, alinhado com o crescimento do PIB”, avaliou.
Os dados evidenciaram a consolidação do crescimento mais consistente das empresas de médio e pequeno porte. A tendência, que vem sendo registrada nos últimos seis anos, também indica que cresce a regionalização dos negócios no setor atacadista. Segundo o professor Barrizzelli, “essa é uma tendência que se fortalece a cada edição e permite prever que as novas empresas que ingressarem no setor atacadista serão de pequeno porte e de alcance regional”.
As pequenas cidades do interior e de periferias de regiões metropolitanas são espaços potenciais para receber esse perfil de atacado distribuidor. O atual levantamento indica que, enquanto as empresas de maior faturamento e atuação nacional tiveram incremento de apenas 2,8%, as de porte menor, com atuação regional, cresceram entre 7,8% e 8,4%.
Atacado de autosserviço (atacarejo)
Segundo dados levantados pela Nielsen, este modelo de negócios do setor apresentou crescimento nominal de 12,3% em 2018. Entre os atacados de autosserviço que participaram da pesquisa do Ranking, as tendências apontadas foram:
– 96% apostam no crescimento no faturamento em 2019;
– 63% preveem manter o número de clientes, possivelmente indicando que o canal já atingiu um patamar de estabilidade/maturidade;
– 82,9% das vendas estão concentradas nas lojas físicas;
– 17,1% das vendas são realizadas por meio de televendas, e-commerce, representante comercial e vendedor, mostrando que este modelo de negócios está apostando na diversificação dos meios de venda para ampliar o faturamento.
Otimismo do setor e intenções de investimento
O otimismo predomina entre as empresas participantes da pesquisa, em proporção superior ao levantamento anterior. Nos quatro modelos de negócios, a aposta de crescimento no faturamento em 2019 ultrapassou a casa dos 90% entre os respondentes. O otimismo também domina as expectativas de aumento de volume e na rentabilidade.
Quanto aos investimentos previstos, a injeção de recursos em sistemas de informações, tecnologia de gestão e e-commerce mostra a atenção do setor a aspectos como agilidade, produtividade e confiabilidade de dados para a tomada de decisões, dando um perfil cada vez mais profissionalizado e tecnológico ao setor.
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