Não é e não será a tecnologia e o digital que vão se tornar os elementos críticos nesse universo crescentemente mais incerto, volátil, ambíguo e complexo. Gente é cada vez mais, e definitivamente, o elemento fundamental de transformação positiva da realidade.
O universo de elementos voláteis, complexos, incertos e ambíguos, que gerou o acrônimo VUCA, proposto por Warren Bennis e Burt Nanus no final dos anos 80, é o fator presente em todo o processo de mudança acelerada, transformação disruptiva, se preferirem, que marca a realidade atual e futura.
Inspirando-se com as transformações propostas pelos Ecossistemas de Negócios da China, como Tencent, Fossun, Huawey, JD, Didi ou Alibaba, dentre muitos outros, podemos ficar com a equivocada percepção de que a tecnologia e a presença digital dominante em todas as suas atividades são os fatores que transformaram essas organizações, e a própria China, na visão mais próxima e acurada do futuro próximo.
Um engano.
Cometem um grande erro aqueles que analisam todo esse processo e imaginam que tudo possa estar relacionado à transformação tecnológica e digital no mundo atual, ignorando o quanto o fator humano é verdadeiramente o elemento propulsor de tudo.
E é até simples de comprovar, tomando por base a própria China.
Foi um movimento ambicioso, visionário e detalhadamente planejado que focou investimentos na educação da população que proporcionou a transformação daquele mercado na maior economia do mundo no critério PPP – Paridade de Poder de Compra, ou segunda maior, com data marcada para se transformar na primeira, sob qualquer outro critério.
A revisão de todo o sistema educacional gerando gente preparada para construir o futuro foi, verdadeiramente, o elemento propulsor das mudanças que ocorreram nos últimos 30 anos, não só na China, mas também na Coreia do Sul e alguns outros mercados, e que permitiram um salto quântico em seu desenvolvimento recente.
Se isso é verdade para países, é ainda mais relevante para as organizações em busca de respostas para o processo de mudança e transformação que vivemos e viveremos no futuro.
Atrair e reter gente cada vez melhor, desenvolver a evolução consistente de todos dentro das organizações, compartilhar informação e conhecimento específico nas áreas de atividades de cada negócio, mas também, e importante, de forma mais abrangente, gerando profissionais e cidadãos cada vez melhor preparados para se anteciparem ao futuro, parece ser a chave mestra no processo transformacional.
Tão simples enunciar, tão complexo realizar. Mas tão fácil comprovar.
As organizações globais e nacionais que mais se diferenciam na gestão estratégica de pessoas são aquelas que se reinventam a cada momento e constroem o futuro, muito mais do que se adaptam a ele.
E só líderes visionários no campo político, social ou empresarial se dão conta que o investimento em pessoas é aquele que tem maior certeza de retorno no curto, médio e, principalmente, longo prazo.
* Imagem reprodução