Recentemente, o NPD Group – parceiro global do Grupo GS& na pesquisa CREST® sobre o consumo de alimentos fora do lar – promoveu um evento nos Estados Unidos para diversos players da cadeia de foodservice.
O tema escolhido foi “Winning the moment”. Em tradução informal, “Ganhando o momento”. Tendo em vista que todos os dias os consumidores precisam decidir sobre sua alimentação: o que comer, onde comer, quem irá preparar, e assim por diante; a pergunta fundamental é: como ganhar nesses momentos de decisão?
David Portalatin, vice-presidente do NPD Group, acredita que para se responder a esta pergunta é preciso compreender primeiramente fatores externos que compõem o cenário atual, para então conseguir antecipar potenciais demandas e tendências de consumo.
Trazendo em miúdos para o cenário brasileiro, isto significa entender algumas condições particulares do nosso momento:
- Nem todo brasileiro tem o hábito de comer refeições preparadas fora do lar
Na pesquisa CREST® realizada no Brasil, foi identificado que apenas 28% dos brasileiros declaram ter realizado alguma refeição fora do lar no dia anterior¹. A título de comparação, esse é o menor número nos 13 países onde a pesquisa é realizada² (a França tinha a segunda menor penetração em 2018, com 42%).
Ainda, este número varia conforme o público em questão (classe social, gênero, ocupação, entre outros fatores). De modo que, dependendo do público alvo, existem duas oportunidades majoritárias (e, consequentemente, desafios): incentivar maior frequência no foodservice, entre aqueles que já estão presentes, e incentivar o hábito para aqueles públicos que estão ainda ausentes do setor.
- O comportamento da população está mudando
Muito se fala do envelhecimento populacional. Segundo o IBGE, até 2060 a população com mais de 60 anos deve dobrar e representar 32% dos brasileiros. Em 2018, esse número estava em 13%. Na prática, isso significa que hábitos e necessidades atualmente correspondentes a essa faixa etária terão 3x mais relevância em apenas algumas décadas.
Outra tendência mais imediata é o aumento das mulheres no mercado de trabalho. Impulsionados pela crise, nos últimos quatro anos, houve um crescimento de aproximadamente 9% na presença das mulheres no mercado de trabalho³. Tendo-se em vista que até recentemente recaía sobre mulheres a maior responsabilidade sobre as atividades domésticas – incluindo o preparo de refeições – mais mulheres fora de casa por mais tempo evocam maior necessidade de conveniência para as refeições do domicílio.
- Os hábitos dos consumidores também estão mudando
O consumidor não é o mesmo de alguns anos atrás. As mudanças não só estão acontecendo, mas acontecem rapidamente, impulsionadas pela tecnologia e pela alta disseminação de informações ao redor do globo.
Um exemplo é a alimentação baseada em vegetais. Em 2018, 14% da população brasileira se declarava vegetariana ou vegana, um aumento de 75% desde 2012³. Esse fator também é observado na pesquisa CREST®: de abril/2015 pra cá, observou-se entre refeições declaradas como vegetarianas, veganas ou orgânicas, houve um CAGR 6x maior do que o tráfego total no foodservice no mesmo período¹.
- O cenário econômico influencia o comportamento de consumo.
Não é novidade que o cenário econômico impacta o comportamento de compra, mas algumas variáveis têm maior relevância. Entre elas, massa salarial, inflação, confiança do consumidor e – especialmente – taxa de desemprego.
Estudos realizados pela GS&Inteligência apontam alta correlação entre taxa de desemprego e tráfego no foodservice, significando que o movimento do primeiro tem alta influência no segundo. No primeiro trimestre de 2019, por exemplo, observou-se ao uma queda de 3% na taxa de desemprego. No mesmo período, o tráfego no foodservice respondeu com um aumento de 4% no número de visitas. Entender a conjuntura é, portanto, fundamental para antecipar e se preparar para potenciais movimentos do setor.
- Reflexos das mudanças geram novas demandas e oportunidades
Ainda no primeiro trimestre de 2019, influenciado pela retomada da taxa de emprego, o crescimento do foodservice se destaca em refeições associadas a momentos de trabalho, como refeições em dias úteis, que cresceram 8%, ou seja, 2x mais que o setor. Isto significou 190 milhões de refeições a mais do que no mesmo trimestre de 2018, somente de segunda a sexta. Não por coincidência, 40% deste crescimento se deu no almoço, a principal refeição que o trabalhador faz quando está longe de casa durante a semana.
Reconhecer o cenário é o primeiro passo para identificar novos momentos de consumo para o seu negócio. Como sua marca está se preparando para ganhar nestes novos momentos de decisão do consumidor do foodservice?
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¹Fonte: Pesquisa CREST® com consumidores de refeições preparadas fora do lar, realizada pela GS&NPD, parte integrante do Grupo GS&. Para dúvidas ou obter mais detalhes da metodologia; entre em contato no e-mail: info@gseinteligencia.com.br
²O estudo CREST® é atualmente realizado em 13 países: Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Espanha, Itália, Inglaterra, Rússia, Austrália, Japão, Coréia do Sul, China, e Brasil.
³Fonte: PNAD Contínua – IBGE
4Fonte: Pesquisa IBOPE de opinião pública sobre vegetarianismo, abril 2018.
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