Mapear processos, reestruturar metodologias, mensurar resultados e inovar. Isso tudo mantendo a qualidade e competitividade da marca. O varejo tem seus desafios e equações diariamente. O LATAM Retail Show traz para o evento a discussão sobre “Eficiência operacional e potencialização dos resultados nas redes de negócios”. O painel simultâneo vai ter a presença de Danielly Bilieiro, gerente comercial da Arezzo, Marcos Tadeu, diretor de Expansão da Riachuelo, e Bruno Brasil, gerente Nacional de Franquias da Reserva.
A curadoria fica a cargo de Lyana Bittencourt, sócia-diretora do Grupo BITTENCOURT, consultoria que desenvolve soluções para contribuir com a sustentabilidade das empresas e fomentam resultados para os mais diversos segmentos da economia. Confira uma entrevista com Lyana a respeito do tema:
[M&C] Como as empresas podem ampliar sua eficiência operacional?
[Lyana Bittencourt ] Tratar de eficiência operacional é nada mais do que fazer mais com menos. Para isso deve-se ter um olhar crítico para cada processo, cada atividade da empresa e se questionar sempre, como posso fazer isso melhor, mais rápido e com menor custo sem perder a qualidade no processo? Parece simples, mas na verdade é um trabalho complexo, que muitas vezes vai exigir algumas quebras de paradigmas na empresa.
Muitas vezes as pessoas na companhia acabam pensando: mas por que mudar se sempre foi assim? Se sempre deu certo? Na verdade, o que funcionou no passado já pode ter deixado de fazer sentido há tempos e as empresas acabam não enxergando isso, pois estão envolvidas no dia a dia do negócio.
Tratar de eficiência operacional mexe bastante também com a cultura da empresa e com as pessoas. Passa-se a exigir mais produtividade, mais inteligência na execução dos processos, inovação para mudar o que “sempre foi feito” e também mais tecnologia, grande aliada para se alcançar esse objetivo.
Qual a importância da tecnologia nesse processo?
É uma grande aliada, pois ela ajuda a executar com mais precisão atividades de rotina e que acabam sendo apenas custo para a empresa, pois geralmente envolvem pessoas e muita burocracia. Ela pode ser usada em várias etapas do processo, desde automação da realização das compras para abastecimento dos estoques, fechamento dos pedidos por totens digitais e, com isso, ganhar eficiência no checkout para eliminar filas. Pode-se ainda permitir a atualização de preços de forma automática por meio de etiquetas digitais e muitas outras situações que garantem economia do tempo na operação e, por consequência, redução de custos no médio/longo prazo.
Pela experiência de mercado do Grupo Bittencourt, que áreas geralmente têm menor eficiência operacional?
No caso do varejo, a falta de eficiência se traduz em estoques cheios de mercadorias paradas, ou o inverso disso: ruptura dos estoques, organogramas inchados ou com as pessoas de perfil errado nas funções vitais, perda de vendas, demora no atendimento, filas no checkout e muitas outras situações que acabam causando um impacto negativo no consumidor. A tecnologia associada a uma revisão dos processos da empresa e como as coisas são feitas pode fazer com que ela dê um salto de crescimento.
Que lições marcas como Arezzo, Reserva e Riachuelo ensinam sobre potencialização de resultados?
A Arezzo tem feito uma imersão para ganhar eficiência na sua operação. Com o mercado nas grandes cidades já coberto por lojas, a marca investiu num projeto chamado Light, desenvolvido pelo Grupo BITTENCOURT. Trata-se de um novo modelo de loja projetado para cidades com população entre 80 mil e 250 mil habitantes. As lojas têm 40 metros quadrados, ante 80 a 100 metros quadrados da unidade tradicional. O investimento inicial gira entre R$ 350 mil e R$ 400 mil — a metade do valor investido em uma loja tradicional. A estrutura opera de forma diferente das convencionais. Nelas, a figura de vendedor, estoquista e caixa, simplesmente desaparece e dá lugar aos consultores de vendas, que são multifuncionais – vendem, fecham a compra e trabalham no estoque.
Por se tratar de um formato enxuto e sem área de estoque, as prateleiras são planejadas com armários no próprio ponto de venda, chamado de estoque rápido, ou seja, o consultor não precisa sair da loja para buscar um produto. Para expor uma diversidade maior de produtos, a disponibilidade de numeração é limitada, assim como o mix de produtos. Isso não significa menos vendas, pois a partir de uma tela interativa os clientes têm acesso ao e-commerce da Arezzo para descobrir novos modelos, consultar estoque e possivelmente, fechar uma compra. O display também transmite conteúdos específicos com informações de moda, dicas de uso e postagens do Instagram.
A Reserva tem cada vez mais se voltado para a uma eficiência maior no planejamento de compras e isso significa gerenciar melhor a oferta de produtos, prever a demanda nas lojas e gerir melhor os estoques. Assim, as lojas conseguem oferecer exatamente o que o cliente deseja, assegurando que os produtos que ele quer estejam na loja.
Por meio da avaliação de indicadores das lojas eles também conseguem fazer uma previsão da demanda e com isso, as equipes de venda podem oferecer mais produtos diversificados para os clientes da loja sem necessariamente ter que vender para mais clientes o que representa uma otimização do fluxo de clientes na loja e aumento da geração de receita.
Já sobre a Riachuelo podemos citar a transformação da companhia para o chamado fast fashion. As peças mais básicas, como camisetas e jeans passaram a ser produzidas na China, mas a maior parte da produção permaneceu no Brasil. A partir disso, as peças são produzidas pelo desempenho das vendas. Além disso, as unidades da rede não recebem lotes iguais de produtos. A distribuição é feita de acordo com as vendas. Assim, consegue-se reduzir o desperdício e a necessidade de realizar promoções para desovar o estoque encalhado.
* Imagem reprodução